O que é o amanhã? Os mais apressados poderiam responder, sem refletir muito, que é apenas o dia que vem depois de hoje.
Depois que eu dormir, já é amanhã.
Acho que toda pessoa comum se deita para dormir à noite e pensa no amanhã. Em todas as providências a serem tomadas, nos compromissos marcados, em tudo o que almejamos resolver. E é normal pensarmos que vamos acordar e esse famigerado dia estará lá esperando por nós, novinho em folha e cheio de possibilidades.
Mas, a gente acorda, sai para o trabalho e é atropelado pela rotina. Faz um monte de coisas no piloto automático e todos os dias parecem exatamente iguais aos anteriores.
O ontem não existe mais. O hoje é só uma etapa que tentamos concluir logo, porque estamos exaustos. Mas o amanhã é quase uma utopia – que nunca chega.
É como se estivéssemos presos num looping temporal, em que os dias se repetem e se apagam. E, assim, o amanhã não ocorre necessariamente daqui a 24 horas.
Ele vai além dessa nossa concepção cronométrica do tempo. O amanhã, esse que a gente idealiza e almeja tanto, poderá até existir, um dia, num determinado recorte do espaço-tempo, em algum lugar do futuro. Mas, estou convencida de que não está logo ali após as doze badaladas do relógio.
Todas as nossas esperanças são depositadas neste tal amanhã, quando as oportunidades serão infinitas e tudo terá valido a pena. Neste dia – amanhã -, olharemos para trás e entenderemos que tudo fez parte de um processo que agora faz sentido.
Mas eu não sei que dia será, finalmente, amanhã. Pode ser daqui a dez, ou a vinte anos. Ninguém sabe.
Enquanto não consigo resolver essa equação do dia que nunca chega, por ora, só me resta terminar este texto e cumprir mais algumas tarefas do hoje, porque, como diria Chico, amanhã vai ser outro dia.