Pensamentos crônicos

Meias

meias
Escrito por Mayara Godoy

Meias têm poderes sobrenaturais e eu posso provar. Quem nunca saiu de casa com uma meia de cada par, que atire a primeira pedra.

De todos os mistérios que invadem nossa mente no meio de uma reunião interminável, o paradeiro das meias desaparecidas certamente está no top 5.

Junto com tampas de potes e amarradores de cabelos, as meias compõem um grupo de objetos supostamente inanimados que, na verdade, têm não só vontade própria como também – certamente – devem ter sindicatos organizados e poderes quânticos.

Quando você divide a casa com outras pessoas, é até razoavelmente compreensível que suas meias desapareçam, porque podem ter sido guardadas na gaveta de outrem por engano. Aliás, essa é uma das maiores batalhas do ser humano que precisa coabitar: lutar por suas meias.

Mas, quando você mora sozinho é que o mistério ganha tons de sobrenaturalidade. É você que compra, você que usa, você que lava, você que pendura e você que guarda suas próprias meias. Como é que as danadas conseguem se transmutar em outros objetos ou – quem duvida? – aparecer na casa de outras pessoas?

Eu juro por Odin que minhas meias não apenas mudam de cor, forma e tamanho, como também desmancham os pares ou se multiplicam. (Quem não tem três meias iguais, mesmo tendo comprado um par só?)

Por isso que, toda vez que eu vou ao Paraguai, eu fico desconfiada dos vendedores ambulantes que nos perseguem por quadras e quadras com seu bordão inigualável:

_ ¿Que procura, amiga? Meias? 12 pares por R$ 10. Baratinho.

Como é que eles sabem?

Sobre o autor

Mayara Godoy

Palestrante de boteco. Internauta estressada. Blogueira frustrada. Sarcástica compulsiva. Corintiana (maloqueira) sofredora. Capricorniana com ascendente em Murphy. Síndrome de Professor Pasquale. Paciente como o Seo Saraiva. Estudiosa de cultura inútil. Internet junkie. Uma lady, só que não. Boca-suja incorrigível. Colunista de opiniões aleatórias. Especialista em nada com coisa nenhuma.

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