De todos os mistérios que invadem nossa mente no meio de uma reunião interminável, o paradeiro das meias desaparecidas certamente está no top 5.
Junto com tampas de potes e amarradores de cabelos, as meias compõem um grupo de objetos supostamente inanimados que, na verdade, têm não só vontade própria como também – certamente – devem ter sindicatos organizados e poderes quânticos.
Quando você divide a casa com outras pessoas, é até razoavelmente compreensível que suas meias desapareçam, porque podem ter sido guardadas na gaveta de outrem por engano. Aliás, essa é uma das maiores batalhas do ser humano que precisa coabitar: lutar por suas meias.
Mas, quando você mora sozinho é que o mistério ganha tons de sobrenaturalidade. É você que compra, você que usa, você que lava, você que pendura e você que guarda suas próprias meias. Como é que as danadas conseguem se transmutar em outros objetos ou – quem duvida? – aparecer na casa de outras pessoas?
Eu juro por Odin que minhas meias não apenas mudam de cor, forma e tamanho, como também desmancham os pares ou se multiplicam. (Quem não tem três meias iguais, mesmo tendo comprado um par só?)
Por isso que, toda vez que eu vou ao Paraguai, eu fico desconfiada dos vendedores ambulantes que nos perseguem por quadras e quadras com seu bordão inigualável:
_ ¿Que procura, amiga? Meias? 12 pares por R$ 10. Baratinho.
Como é que eles sabem?
HAhhaha. Que sensacional. As meias são nosso vínculo com o etéreo. São a prova concreta que não estamos sós neste mundo e que há seres habitando nossas casas. E nos deixando descalços…
Parabéns pelo texto. Eu adorei.
A propósito: sou muito adepto às meias coloridas. Tenho várias. Por enquanto…
Né? Nem o Mister M desvenda essa.