Licença Poética

Vento na Janela

Escrito por Guilherme Alves

Se venta na janela, mas ninguém está em casa, o vento faz poesia?

Venta na janela, mas a casa está vazia. Ninguém vê o vento brincar com as cortinas.

Venta lá fora, balançando a grama, sacudindo as árvores, levantando as folhas, curvando as flores.

Venta na varanda, num pequeno turbilhão, as folhas sobem, as flores as acompanham.

Flores e folhas dançam, entram pela janela, meia janela bate. O sol entra pelas frestas da janela, as cortinas dançam, flores e folhas dançam. A casa não está mais vazia, a sala é um palco, o vento canta, flores e folhas dançam, cortinas voam, grama balança, árvores sacodem, sol ilumina.

O Vento para. Flores e folhas interrompem seu balé. Cortinas descansam. Grama e árvores se aquietam.

Quando os moradores chegam, reclamam da sujeira. Ninguém viu a poesia.

Sobre o autor

Guilherme Alves

Nascido numa tarde quente de verão no Rio de Janeiro, casado aparentemente desde sempre, apaixonado por idiomas (se pudesse, aprenderia todos). Professor de inglês porque era a única profissão que parecia fazer sentido, blogueiro porque gosta de escrever desde que a Tia Teteca mandava fazer redação. Coleciona DVDs, tem uma pilha de livros que comprou mas ainda não leu maior que uma pessoa (de baixa estatura) e um monte de jogos de tabuleiro que não tem tempo de jogar. Fanático por esportes, mas só para assistir, porque é um pereba em todos eles. Não se pode ter tudo na vida.

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