Tempestade de Cérebros

Sonho

Escrito por Letícia Nascimento

Por favor, cientistas: uma tecnologia para gravar os sonhos, já!

A tecnologia avança na mesma proporção em que a humanidade parece regredir. E nada de um ser humano dotado de incrível inteligência e sagacidade realizar um dos meus maiores desejos existenciais: a gravação dos meus sonhos noturnos em um arquivo de alta resolução para assistir no dia seguinte.

Eu sonho muito. Insone, dormindo, acordada, estou sempre sonhando, todos os tipos de desejos, prazeres e possibilidades. E, para a tristeza das pessoas mais próximas a mim, alguns sonhos dormidos me marcam tanto que eu tenho necessidade de falar sobre eles. O que faz com que alguns se tornem conhecidos.

O mais famoso deles talvez seja o do visitante ilustre, Brad Pitt, que ficou hospedado na minha casa da infância, sendo recebido pelo meu pai, enquanto a Letícia de 16 anos tomava banho. Após uma série de bocejos de Brad, meu pai, notando seu cansaço, disse sem cerimônias: “Fica à vontade no quarto das meninas”. Quando a inocente Letícia saiu do banho, se deparou com Pitt dormindo de bruços em cima do seu lençol de ursinhos, com cueca boxer preta, e o resto é uma história que meus familiares e amigos ouviram tanto que conseguem contar o meu sonho a quem perguntar.

Teve também o sonho todo em sépia, uma relíquia que nunca mais se repetiu em minhas sinapses sonolentas. O sonho em que cheguei à tão esperada Europa que ainda não conheci e o mundo começou a acabar no mesmo momento, com o Coliseu desmoronando e o Papa Bento XVI correndo ao meu lado, fugindo da morte, também é famoso.

Essa noite, sonhei três sonhos que eu adoraria reproduzir na TV. Entretenimento puro e simples. Um casamento aloprado, um terror paranormal e duas amigas no BBB, incluindo uma das escritoras do Crônicas – fica a curiosidade no ar.

Espero que, enquanto eu viva, alguém invente essa tecnologia maravilhosa. Se não for possível, que eu pelo menos chegue à Europa para um chá da tarde com Brad Pitt e a benção de Papa Francisco, que eu curto bem mais que o outro.

Sobre o autor

Letícia Nascimento

Jornalista por formação, redatora por rotina, roteirista de alma, deseja um dia ter a audácia de se intitular escritora. Ama bebês, cachorros e fofuras em geral. Cinéfila que assiste de tudo, viciada em séries e leitora apaixonada. Possui todos os distúrbios possíveis do sono, luta contra a ansiedade crônica e a fibromialgia com humor e acidez. Parece jovem mas joga gamão nas horas vagas.

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