Pensamentos crônicos

Destino compartilhado

Escrito por Juliana Britto

O destino da humanidade está em nossas mãos. Qual será?

Nossos maiores desafios como sociedade nesse instante são: avançar além do diagnóstico do problema, propor ações coordenadas e solidárias, executar e fiscalizar essas ações, compactuar que qualquer ação deve estar subordinada aos interesses do conjunto da população e não a de grupos privilegiados.

Já conhecemos as inúmeras implicações que a pandemia trouxe para nossas vidas. Sabemos que as desigualdades sociais potencializam ainda mais a tragédia humanitária. O que vamos fazer com esse conhecimento? Quem pode fazer o quê? Quais são as ações necessárias a curto, médio e longo prazo? Seremos capazes de suspender nossas diferenças de classe social, religião, localização geográfica, culturais e morais para trabalharmos em conjunto?

Como podemos fiscalizar de forma ética e transparente as iniciativas governamentais e privadas contra a COVID-19? Como as pessoas comuns podem ajudar de maneira eficaz? Teremos estômago e força para enfrentar e derrotar os fascistas e fanáticos organizados para impedir os esforços contra a pandemia? Saberemos dialogar com vista a consensos possíveis evitando as polarizações que nos afastam?

Tenhamos em mente os efeitos políticos, econômicos e sociais que esse momento histórico nos apresenta para revermos condutas e práticas sociais. Continuar a viver sobre os mesmos paradigmas de consumismo, agressão ao meio ambiente, intolerância e injustiça social é suicídio coletivo. É abrir mão da possibilidade de estarmos mais preparados para outros eventos planetários como a pandemia do coronavírus. Os cientistas têm sido unânimes em apontar há décadas nossa vulnerabilidade enquanto espécie. Continuaremos a escolher que alertas levar em conta e quais devemos ignorar como se fosse possível escolher o que vai acontecer conosco em todo o mundo?

A consciência de que os mais ricos se escondem em suas riquezas para se protegerem é capital para enfrentarmos com bravura a necessidade imperiosa de repensarmos o papel do Estado. O neoliberalismo, a necropolítica e o anarcocapitalismo são responsáveis pela incrível vulnerabilidade dos mais pobres, a maioria da população. Mesmo os milionários terão que lidar com o fato de que o dinheiro não pode comprar aquilo que não está à venda: a vida. Eles estão acostumados a olhar para os trabalhadores como descartáveis, mas entre a mão de obra há inúmeros profissionais que detêm um saber acumulado que não pode ser substituído facilmente e em poucos anos. Perder vidas humanas não é tão simples assim, nem mesmo para os que cultuam o deus mercado.

É vital agirmos em conjunto e de forma simultânea rompendo as barreiras do ódio e dos ressentimentos. Além disso, nosso alvo deve ser ampliar a rede de segurança das populações mais carentes historicamente excluídas dos direitos básicos de moradia digna, saúde, educação, segurança e trabalho. Não haverá futuro sem a nossa ação hoje.

Nosso destino é planetário.

Sobre o autor

Juliana Britto

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