Me considero, para fazer uma linha bem generalista, um ser abraçante. E abraçável. Sou dessas que se relaciona com os outros falando pelos cotovelos e tocando mãos, braços, trocando beijos e abraços. Faço cafunés aleatórios nos chegados. Cutuco cravos das amigas, lhes faço tranças, ajeito seus cabelos. Trato meus clientes de maneira informal.
Sou carente confessa. Necessito dos afagos, do toque, do quentinho de outros corações. Imagine, então, caro leitor, o inferno que se passa dentro de mim agora. O contato físico não é a coisa mais impactante na minha vida nesses tempos de distanciamento social, é claro, porque eu principalmente tenho pessoas com quem me importar, um trabalho a me preocupar, contas a pagar. E uma liberdade de ir e vir que eu gosto de pensar que está suspensa temporariamente.
Problemas sérios à parte, eu sinto falta de gente. Sinto falta de beijar alguém no rosto, com carinho. De dar um abraço apertado, daqueles que a gente sente o cheiro do perfume do outro quando nosso nariz toca o ombro alheio. De sentir outras mãos nas minhas. De dedos no couro cabeludo, de palmas alisando as costas. Sinto falta dos despretensiosos cafunés que demonstram apreço.
Não acredito que a volta à normalidade pós-corona faça com que as pessoas valorizem mais os gestos físicos de afeto. Nem que o tratamento entre as pessoas seja modificado pela atual e necessária falta desse contato. Quem é de beijo, seguirá sendo de beijo. E quem segura as mãos dos outros com dedos fracos não vai empenhar mais força para demonstrar satisfação no cumprimento. Mas, se você é meu estimado, saiba que a minha essência grudenta não vai mudar. Eu vou continuar querendo os chamegos, as demonstrações físicas de carinho, o seu calor humano. Porque eu não posso viver num mundo sem abraços.
[…] o vazio com conversas de WhatsApp enquanto os abraços são […]
A afetividade é uma das características mais marcantes do povo brasileiro. Uma vez tocado, nunca mais saberá viver sem isso. Isso é bom!
Só que agora a gente precisa aprender a viver sem esse toque por um tempo e, quando voltar a ter contato, tomar os devidos cuidados. Todo mundo lavando a mão!