Aceitação: as coisas são como são.
Logo eu, que nos últimos anos me vi com coragem para lutar por mais, por ser melhor, por não me encaixar onde eu não cabia. Eu, que me indignava com o pouco e que consegui perceber que a vida poderia ser mais do que era.
Hoje, eu trabalho diariamente a aceitação. Preciso afundar os pés na realidade cada vez que eu me levanto da cama, e me forçar a aceitar como a vida é.
Preciso aceitar que, não importou o meu empenho, a minha dedicação, o meu amor – eu não fui amada de volta; aceitar que eu não sou interessante para quem é interessante pra mim; aceitar que não posso confiar em quem eu tinha a maior confiança.
A realidade é que, por mais delusional que eu seja pra fugir do que me machuca, chegou o tempo de aceitar. É triste? Me despedaça? Sim. Mas é necessário.
Acho que este é o exercício mais difícil e mais doloroso que eu tenho tido que praticar: deixar ir, deixar quieto, não me importar, esquecer, enfim, só aceitar. Aceitar que a vida pode não ter um sentido, que as pessoas podem ser egoístas, que o mundo é injusto.
Hoje, eu tenho de aceitar o silêncio como uma resposta, e a ingratidão como parte do outro, e não minha. Aceitar que talvez eu fique sozinha, e que isso não deveria fazer de mim uma pessoa incompleta.
Eu aceito, enfio a cabeça sob o travesseiro para abafar o choro, deixo as lágrimas lavarem a visão idealizada que eu tinha da vida e mostrarem o que é real, e o que é a aceitação: as coisas são como são.