Antes soubesse como ajustar as temperaturas que meteorologizam a harmonia da vida: cabeça fria e pé quente, mas sempre dando aquele gelo pra ver o circo pegar fogo.
Porém, o termostato parece desajustado e todos acabam compartilhando o mesmo ‘climão’.
Quisera ter a elasticidade descompromissada de espreguiçar sobre todas as tarefas que precisam ser feitas e cochilar. Encontrar uma posição confortável no caos, ser indiferente a qualquer mudança de estação e bater a porta na cara dos compromissos.
Seria uma espécie de selvageria comportada.
Essa habilidade de se pendurar nos ombros dos outros sem a intenção de carinho ou pedido indireto de cuidado não é o melhor acelerador de batimentos de coração. Normalmente aceno para a preguiça apenas por educação.
De resto, tudo é pesado como o ar de uma discussão.
Afinal, a maioria só pega leve quando sobe na balança. Um dos poucos momentos em que desejamos desacelerar e fazer o ponteiro não ir além dos 70kg por hora.
E para todo loucura instaurada em comodismo, quase nada se justifica. Como quando não sentimos culpa em nos divorciar de tudo que um dia fez sentido. De como pagamos pra ver e depois pra apagar. Uma queima de arquivo emocional onde não fazemos nosso papel e depois não temos nada além de papéis pra assinar.
Desejava não caber num mundo que desconhece de propósito as aventuras mais simples e recompensantes que existem. Que não sabe pular de ponta da ponta da língua de alguém, que não sabe nadar entre o primeiro beijo de alguém que está aprendendo a beijar.
Quem precisa estar num cabide quando grande parte da felicidade compreensível está distribuída em amassos e amassados, jogados em algum lugar da casa, depois de noites que duraram mais que a roupa na máquina?