Pensamentos crônicos

Somos superlativos

Escrito por Thigu Soares

Algumas pessoas impressionam pela capacidade de exageros. Sim, sou um desses loucos. Ontem mesmo estive pensando em como não consigo – por mais que tente e, às vezes, consiga por pequenos períodos – não ser intenso, extremo e exagerado.

Algumas pessoas impressionam pela capacidade de exageros. Sim, sou um desses loucos. Ontem mesmo estive pensando em como não consigo – por mais que tente e, às vezes, consiga por pequenos períodos – não ser intenso, extremo e exagerado. A ponderação é um desejo, quase um fetiche que desenvolvi ao longo dos anos. Sempre distante e conquistado em pequenas parcelas que não se mostram definitivas.

De certo modo, comecei a aceitar um pouco melhor essa condição toda. Nós, os exagerados, somos uma classe de superlativos e acho, particularmente, que vivi meus piores dog days sempre que me encontrei no meio de alguma escala. O meio da tabela me irrita, o topo ou a lama, a glória ou o cadafalso. No bom radicalismo que impera num vocabulário cheio de aumentativos e hipérboles, é o famoso 8 ou 8 MILhões.

Ok, é provável que eu esteja aumentando um pouco as coisas.

Na maior parte das vezes, esse pedaço da população não sabe a medida ideal de porra nenhuma. Errando sempre pra MUITO mais ou menos. Entre a noite que nunca tem fim e o chopp muito comedido, prefiro permanecer abstêmio. Mais uma dose às 5 da manhã ou a conta logo depois de meia noite, recheada de águas e outras coisas sem muita graça.

É aquela velha história, você sempre diz que vai ser diferente, mas nunca é. No amor, no trabalho, no jogo, no bar e na vida. É difícil dar certo em qualquer esfera sendo assim, uma vez que os desejos e sonhos também tenham o hábito de aumentar sempre e em proporções incríveis. Nada que não seja espetacular será o suficiente pra quem carrega essa marca. Sonhos grandes e prejuízos muitas vezes tenebrosos.

Cresci com as pessoas me perguntando os motivos de meus sonhos sempre tão grandes. Dependendo do período, me perguntavam a razão da ausência de uma série deles. Sonhar pequeno ou grande dá o mesmo trabalho. Na verdade, dá até o mesmo trabalho de não sonhar muita coisa. O problema é que geralmente eu só me apego ao MUITO da história, mesmo quando é muito pouco ou quase nada.

Que Papai do Céu tenha piedade dessas pessoas mornas e que eu consiga ter paciência com todos aqueles que não mudam quando é lua cheia.

Sobre o autor

Thigu Soares

Um ex-jovem sempre velho que sonhou ser escritor. Blogueiro bissexto, cronista por vocação, "publicizeiro" totalmente por acaso. Intenso, exagerado, mal humorado, ácido e corrosivo. Leal, amigo e um pouco mentiroso. Flamenguista, carioca e pai de dois Pugs lindos. Luto contra a balança e brigo com a tarja preta. Já quis salvar ou o mundo, mas dá muito trabalho, mas dá preguiça… Mesmo sem fazer isso direito, tento seguir rabiscando como dá. É bom pra combater ou manter a loucura.