Sessão pipoca

Tudo o que você não precisa saber sobre La Casa de Papel

Escrito por Brunno Lopez

Querendo ou não, sabemos que uma produção é sucesso quando seus personagens se transformam em máscaras de carnaval. E mesmo depois do fim da folia, as pessoas continuam amando os assaltantes com apelidos de cidades.

Não sou o maior adepto do mainstream forçado (e por acaso existe algum que não seja?) mas como prometi ser mais tolerante com produtos culturais, dei uma chance para morar na primeira temporada da tal La Casa de Papel, tão aclamada por populares de conhecimento duvidoso em entretenimento – afinal, sempre desconfio de quem aplaude Breaking Bad sem ter passado os olhos por Sherlock.

A premissa da série não é um coquetel de originalidade – assaltos a banco são tão comuns quanto ignorar o bom dia de desconhecidos – porém, parece que os roteiristas espanhóis conseguiram encontrar um caminho de potencial envolvimento. Eu culparia o irresistível carisma latino que faz o mundo venerá-los desde Salma Hayek, Penélope Cruz e por aí vai.

Querendo ou não, sabemos que uma produção é sucesso quando seus personagens se transformam em máscaras de carnaval. E mesmo depois do fim da folia, as pessoas continuam amando os assaltantes com apelidos de cidades. Por essa linha de pensamento, poderíamos ter facilmente como líder dessa gangue a ladra com mais carimbos de passaporte do mundo, né Carmen Sandiego?

Mas quem assume as rédeas da contravenção é o “Professor”. Uma espécie de Professor Xavier sem problemas capilares que recruta oito pessoas não tão mutantes assim. Porém, dizem que o dinheiro dá poderes a qualquer um, logo, isso é um X-Men espanhol?

Tecnicamente sim, uma vez que eles ficam um bom tempo presos num Instituto (mais conhecido como mansão abandonada ou propriedade esquecida pela fiscalização) onde aperfeiçoam suas habilidades para o grande dia.

Prepare-se para dividir sua torcida entre os assaltantes, a polícia e os próprios reféns. Em alguns momentos você poderá odiar violentamente cada um deles e provavelmente esse seja o trunfo do seriado: uma intensa linha de acontecimentos paralelos que te faz ficar praticamente 40 minutos sem olhar as notificações do celular.

E antes que você se apaixone pela Tóquio – a narradora fora-da-lei da saga – se acostume a cantar “Bella Ciao” usando máscaras de pintores surrealistas.


La Casa de Papel

La Casa de Papel é uma série espanhola produzida pela Antena 3 e distribuída pela Netflix.
Primeiro episódio: 2 de maio de 2017
Gênero: Filmes de assalto
Emissora original: Antena 3
Diretor(es): Álex Pina
Idioma original: Espanhol (ES)

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.