Nessa semana, parada no semáforo, um senhor de idade veio à janela do meu carro:
– Moça, quer jujuba?
Eu peguei algumas moedas que ficam em um compartimento que sempre deixo meus trocos, mas nem peguei a jujuba, só queria ajudar mesmo. Dias depois, o mesmo ocorreu, em outro semáforo, embora da mesma rua. Ao contrário do velhinho simples, de roupas humildes e chinelos menores do que seus pés, esse que veio me oferecer paçocas era jovem, com roupas boas, tênis bonitos e um boné preto virado para trás.
Na hora eu pensei em ajudar, mas quando olhei meu porta-moedas, o que tinha era menos de 25 centavos, então disse a ele que não queria. Ele me agradeceu de toda forma.
Fiquei olhando para ele e minha mãe, que estava comigo, perguntou o que eu olhava. Eu disse que achava estranho o fato de um rapaz tão jovem e bem arrumado estar vendendo no sinal. Ela me respondeu algo que me fez pensar sobre muitas outras coisas:
– O fato de ele ainda ter roupas boas, ser jovem ou ter sapatos bons não quer dizer que ele não está vivendo a crise e tenha um emprego. Ele está sobrevivendo como consegue.
Isso me fez refletir sobre o quanto somos hipócritas e mesquinhos em julgar as pessoas apenas por sua aparência. Se um bêbado pede dinheiro na rua, temos a frase pré-pronta na cabeça “não vou dar dinheiro para ele gastar em cachaça”, sem pensar que o fato de ele estar de tal forma é momentâneo. Pessoas alcoolizadas também sentem fome, precisam de um lugar para dormir e a ajuda de quem pode ofertar pode mudar uma vida, afinal você não sabe a causa que o levou a beber, não sabe pelo que ele está passando. Por que bater o martelo e sentenciar sem estender a mão para oferecer ajuda?
Muitas dessas pessoas que vivem de esmola não sabem nem como sair da situação em que se encontram. Se não fizermos por eles, ninguém mais o fará. Eles não têm força e capacidade para isso, essa força se perde no descaso.
O ensinamento de “amai aos outros como eu vos amei” não foi deixado à toa, mas como amar é até um pouco difícil, tendo que o amor é construído em relações e convivência, acho que ao menos não ser preconceituosos e ignorar a necessidade do próximo já é super válido. Não deixe o mundo girar apenas em torno do seu próprio umbigo, você não vive sozinho nesse mundo.