Que a HBO tem um talento incrível no quesito criação de séries, disso não podemos discordar. Mas, a minissérie Chernobyl anda desbancando séries premiadas (como Game of Thrones). E uma das pessoas mais impactadas por ela fui eu mesma.
De todas as séries a que já assisti na vida, essa merece um lugar especial, primeiramente por ser a primeira que tenha assistido não uma, não duas, mas três vezes, (sim, três vezes!), para poder apreciar novamente (e novamente, e novamente mais uma vez) cada riqueza de detalhes que a HBO trouxe para as telas.
Como toda série, documentário ou reprodução sobre catástrofes, Chernobyl já começa arrancando lágrimas ao mostrar a ingenuidade dos moradores que viviam em áreas muito próximas à usina e, ao ouvirem a explosão, saíram de suas casas para assistir ao espetáculo de cores vibrantes no céu no seu mais puro ato de inocência, sem saberem que era iodo 131 e césio 137 entrando em contato com o hidrogênio, tornando o ambiente à sua volta altamente radioativo e, consequentemente, sua morte, invisível.
Além, é claro, de retratar com maestria os efeitos da radiação no corpo humano e como ela o corrói, de dentro para fora, destruindo em pouquíssimo tempo todos os tecidos como se a pele estivesse derretendo.
(Não considero esses comentários como spoilers, porque quem se interessar pela série sabe ao menos por alto o que aconteceu em Chernobyl, então não é nenhum segredo que lágrimas rolarão pelo seu rosto com uma facilidade incrível. Mas ainda assim não vou me aprofundar tanto para não tirar a emoção de quem ainda não assistiu.)
Trata-se, aqui, de uma superprodução. Os detalhes são incrivelmente verossímeis, a narrativa é tão bem montada que você vive a história junto com o personagem, e é uma aula incrível sobre química (ao menos eu nunca pensei que entenderia como funciona o núcleo de um reator).
E como toda história boa é a história que incomoda, o governo russo anda revoltado com a exposição negativa que a série trouxe ao expor todas as mentiras da antiga União Soviética e culpá-la pelo desastre na usina nuclear de Chernobyl. Eles prometeram uma resposta à altura, com uma versão da série mostrando os fatos pelo ângulo russo. Mas, convenhamos, o que Valery Legazov* deixou acabou com essa credibilidade… Quer entender mais? Assista a esse épico!
Chernobyl é composto de cinco episódios impossíveis de não fazer você querer maratonar:
*Todo meu respeito e afeição ao professor Valery Legazov. Rest in peace.