Sessão pipoca

Chernobyl: o preço da mentira

Escrito por Raphaela Lourenço

Uma história real e, ainda hoje, chocante, que voltou a repercutir graças à impecável minissérie da HBO.

Que a HBO  tem um talento incrível no quesito criação de séries, disso não podemos discordar. Mas, a minissérie Chernobyl anda desbancando séries premiadas (como Game of Thrones). E uma das pessoas mais impactadas por ela fui eu mesma.

De todas as séries a que já assisti na vida, essa merece um lugar especial, primeiramente por ser a primeira que tenha assistido não uma, não duas, mas três vezes, (sim, três vezes!), para poder apreciar novamente (e novamente, e novamente mais uma vez) cada riqueza de detalhes que a HBO trouxe para as telas.

Como toda  série, documentário ou reprodução sobre catástrofes, Chernobyl já começa arrancando lágrimas ao mostrar a ingenuidade dos moradores que viviam em áreas muito próximas à usina e, ao ouvirem a explosão, saíram de suas casas para assistir ao espetáculo de cores vibrantes no céu no seu mais puro ato de inocência, sem saberem que era iodo 131 e césio 137 entrando em contato com o hidrogênio, tornando o ambiente à sua volta altamente radioativo e, consequentemente, sua morte, invisível.

Além, é claro, de retratar com maestria os efeitos da radiação no corpo humano e como ela o corrói, de dentro para fora, destruindo em pouquíssimo tempo todos os tecidos como se a pele estivesse derretendo.

(Não considero esses comentários como spoilers,  porque quem se interessar pela série sabe ao menos por alto o que aconteceu em Chernobyl, então não é nenhum segredo que lágrimas rolarão pelo seu rosto com uma facilidade incrível. Mas ainda assim não vou me aprofundar tanto para não tirar a emoção de quem ainda não assistiu.)

Trata-se, aqui, de uma superprodução. Os detalhes são incrivelmente verossímeis, a narrativa é tão bem montada que você vive a história junto com o personagem, e é uma aula incrível sobre química (ao menos eu nunca pensei que entenderia como funciona o núcleo de um reator).

E como toda história boa é a história que incomoda, o governo russo anda revoltado com a exposição negativa que a série trouxe ao expor todas as mentiras da antiga União Soviética e culpá-la pelo desastre na usina nuclear de Chernobyl. Eles prometeram uma resposta à altura, com uma versão da série mostrando os fatos pelo ângulo russo. Mas, convenhamos, o que Valery Legazov* deixou acabou com essa credibilidade… Quer entender mais? Assista a esse épico!

Chernobyl é composto de cinco episódios impossíveis de não fazer você querer maratonar:

*Todo meu respeito e afeição ao professor Valery Legazov. Rest in peace.

Sobre o autor

Raphaela Lourenço

Nascida em 1º de setembro de 1991 quando o rock era sensacional!

Cinéfila inveterada, rançosa por natureza, Felícia de gatinhos fofos, dramática como Emily Brontë, viciada em histórias de serial killers, jovial como Machado de Assis.

Militante de roupas plus size estampadas, sutil como um rinoceronte, escritora de literatura erótica, mas com muitíssima classe!