Era cilada!, nos alertariam os eminentes filósofos integrantes do Grupo Molejo. Mas, ciladas e fraturas faciais metafóricas à parte, a gente passa, em diversos momentos da vida, por situações que, embora pareçam muito, não são amor.
Há pessoas que, à primeira vista, parecem ter o potencial de nos induzir a produzir ocitocina em elevadíssimos níveis. Todos os sintomas estão lá: alegria desmedida no dia a dia, o cérebro tomado pelas vívidas lembranças da voz, do toque e do cheiro da pessoa. O coração parecendo que vai sair pela boca a cada vez que o celular notifica uma mensagem dela. A gente nem caminha, flutua.
Mas, por razões que a própria razão desconhece, em algum momento a euforia dá lugar à desilusão, e vem a derradeira constatação: não era amor.
O tempo passa, a gente se recupera – a gente sempre se recupera – e outra pessoa volta a acender nossas esperanças de um “felizes para sempre”. Dessa vez, é tudo diferente. Melhor, mais intenso. Mas, às vezes dura apenas a eternidade de um final de semana. E a gente percebe que, de novo, não era amor. Pode ser que tenha sido só tesão.
O brilho no olhar desaparece por tempo indeterminado. A solidão volta a ocupar um espaço absurdo. A ausência de um bem querer torna-se quase tangível. Até que alguém nos oferece um colo, um jantar, uma conveniente massagem no ego. Porém, a acentuada comodidade escancara que pode ser qualquer coisa, menos amor. Carência, provavelmente.
E entre idas e vindas, tentativas e fracassos, desilusões e expectativas, a gente percebe que, na grande maioria dos casos, não era amor mesmo. Mas, pode ser que tenha sido – ao menos por um minuto.