Antes de reclamar da vida, é preciso saber como apreciá-la.
É uma obrigação ter conhecimento da maneira correta de saboreá-la.
Aí, alguns te param na rua enquanto você atravessa fora da faixa e perguntam: Mas o que é a vida?
A vida é uma coxinha.
Crocante por fora, recheada de amor, frango e catupiry por dentro.
Sentimentos com alto nível de carboidrato.
Todo mundo sabe que essa é a representação mais fiel da vida, e todo mundo também sabe que é possível encontrá-la em quase todos os bons lugares estratégicos do mundo.
E o que algumas pessoas fazem com a vida quando estão diante dela?
Elas desvirtuam o mito. Elas têm a pura e deliciosa existência diante dos olhos, mas não conseguem viver a experiência apoteótica dela.
A vida é uma coxinha.
Não a culpe se você começa a comê-la pela base. Não a culpe se você pede garfo e faca para abri-la ao meio sem piedade e muito menos noção de gastronomia de boteco.
Tudo o que aconteceu de errado na sua vida está totalmente relacionado aos anos que você ignorou degustá-la pelo bico.
Esse é o procedimento dos deuses mitológicos. Dos reis valorosos. Dos líderes históricos.
A coxinha começa pelo bico. É o beijo, o início da química, a aurora vital da humanidade.
Nunca comece nada pelo final. Comece pelo bico.