Existir é se desviar olimpicamente de diversas formas de provocação. Um processo interminável de esquiva para manter-se minimamente sadio no campo das emoções, preservando tudo o que se conquistou no universo dos relacionamentos em detrimento de eventuais aventuras quase impossíveis de se ignorar.
Tais testes de postura e caráter vêm disfarçados de coincidências ou acasos, desferindo golpes violentos na confiança. Muitos sucumbem aos ataques e beijam a lona do proibido de língua. Abre-se contagem para que o arrependimento tente te colocar de pé, mas, uma vez no chão da vergonha, seguir a própria existência se arrastando é menos vexatório do que se levantar e exibir o fracasso para mais espectadores.
Nem todos conseguem sobreviver dentro de uma cultura de restrições de envolvimento. Compromissos eternos se transformam em eventos breves. O ‘pra sempre’ flerta com um ‘pra depois’.
Abrir mão é tão difícil quanto abrir o coração. Como deixar alguém entrar sem que a outra pessoa precise sair? Como unir aventura e estabilidade numa vida só?
Então, você se coloca fora da área de tiro. Mesmo com munição suficiente para anunciar uma terceira guerra mundial.