Sessão pipoca

Queer Eye: uma série para todos os gêneros

Escrito por Rose Carreiro

Mais do que cinco fabulosos motivos pra você ver Queer Eye, uma série além do makeover.

Eu amo cinco homens gays, e eles apresentam uma série de makeover. Se você o seu instinto hipster já chegaram aqui perguntando “só eu não tenho vontade de assistir a nenhum desses reality shows sobre transformações?”, antes de julgar Queer Eye por tais conceitos simplórios, dese“straight” a sua mente, leia esse texto e deixe os Fab Five entrarem na sua vida.

O reboot do antigo programa Queer Eye for the Straight Guy (olhar gay para o homem hétero, na versão Herbert Richers) é mais do que um reality show divertido e emocionante. Com a missão de mudar a vida de seus personagens, indicados por parentes e amigos, a série também consegue nos tocar e nos fazer refletir sobre possíveis mudanças em nós mesmos.

Os Cinco Fabulosos

Jonathan, Antoni, Tan, Bobby e Karamo

Antoni, Bobby, Karamo, Jonathan e Tan vão além de suas especialidades na tarefa de ajudar os participantes a cada processo de mudança. Eles mostram um interesse genuíno e uma compreensão dos dilemas alheios que mandam pra longe o estereótipo dos apresentadores de programas de transformação a que estamos acostumados.

Os Fabulous Five criam legítimas conexões com os participantes, e essa aproximação ultrapassa a série, já que é corriqueiro ver os apresentadores reunidos com seus queereyerizados em eventos e encontros pelas redes sociais afora.

Os personagens

Se, na série original, a missão era transformar a vida de um homem hétero, o novo Queer Eye nos introduz homens, mulheres, gays, lésbicas, trans – adultos de todas as idades, com estilos de vida diversos, e com questões com as quais qualquer um de nós poderia se identificar. 

Os episódios nos apresentam pais e mães, professoras e políticos, soldados e fazendeiros… com algo que todos temos em comum: superações a enfrentar e uma história a compartilhar.

A transformação

O makeover vai além de ensinar as pessoas a se vestirem melhor, de dar a elas um novo corte de cabelo ou uma reforma na casa. Os participantes saem de sua transformação com mais do que uma nova receita para um jantar especial ou um tutorial de autoajuda.

Ao longo das temporadas, fica evidente que a proposta é realmente ajudar ao outro. Não se trata de transformar os participantes em alguém diferente, mas de fazer com que evoquem e enxerguem uma versão melhor de si. 

O discurso

Queer Eye pede por aceitação. E não se trata apenas de aceitação aos diferentes gêneros, apesar da importância de se reforçar esse discurso, o que é naturalmente feito ao longo da série. Muitas vezes, nós mesmos precisamos nos aceitar, algo que também fica transparente no trabalho dos Fab Five com os protagonistas de cada episódio. 

Ao trabalhar a autoestima e a confiança dos participantes, a série também nos deixa clara a mensagem de que precisamos aceitar quem somos na essência. Precisamos aceitar coisas tão naturais nossas, como nosso cabelo, nosso corpo, e os prós e contras de cada biotipo. Aceitar que não somos autossuficientes, que temos de pedir ajuda, que não há mal em nos abrirmos com alguém. E também precisamos aceitar que erramos, e que podemos corrigir – ou, ao menos, nos perdoar – por isso.

O público

Queer Eye agrada aos diferentes tipos de espectadores, muito por conta da variedade de temas abordados, e mais um tanto por conta das personalidades únicas dos apresentadores. Se você quer se divertir, a série garante muitas cenas cheias de humor. Se quer um drama, episódios como “Feiura não tem conserto” e “Deficiente, mas nem tanto” pedem uma caixa de lenços de papel à mão. 

O reality traz as dicas de moda do estilista Tan, as ideias de design do arquiteto Bobby, e hábitos de autocuidado do cabeleireiro – e diva – Jonathan. Traz Karamo, que lida com questões sociais, culturais e profissionais de forma objetiva. E também traz Antoni, o gay com o maior índice de sex appeal observado pela sociedade contemporânea, ensinando a colocar iogurte grego no guacamole.

Essa é uma série com muito mais do que cinco fabulosos motivos para ser assistida: Queer Eye tem emoção, tem senso de humanidade. Tem histórias que merecem ser contadas, e superações que devem ser testemunhadas por nós. 

As quatro temporadas de Queer Eye estão disponíveis na Netflix, e você pode ver o primeiro trailer e se apaixonar aqui:

Sobre o autor

Rose Carreiro

Nascida num 20 de Outubro dos anos 80. Naturalmente petropolitana, com passaporte carioca. Flamenguista pé frio e expert em não se aprofundar em regras esportivas. Fã de Verissimo – o Luis Fernando – e Nelson, o Rodrigues (apesar de tudo). Poser. Pole dancer com as melhores técnicas para ganhar hematomas. Amadora no ofício de cozinhar e fazer encenações cômicas baratas. Profissional na arte de cair nos bueiros da Lei de Murphy.