Pensamentos crônicos

Provocar não é arte. É guerra.

Escrito por Brunno Lopez

Abrir mão é tão difícil quanto abrir o coração. Como deixar alguém entrar sem que a outra pessoa precise sair? Como unir aventura e estabilidade numa vida só?

Existir é se desviar olimpicamente de diversas formas de provocação. Um processo interminável de esquiva para manter-se minimamente sadio no campo das emoções, preservando tudo o que se conquistou no universo dos relacionamentos em detrimento de eventuais aventuras quase impossíveis de se ignorar.

Tais testes de postura e caráter vêm disfarçados de coincidências ou acasos, desferindo golpes violentos na confiança. Muitos sucumbem aos ataques e beijam a lona do proibido de língua. Abre-se contagem para que o arrependimento tente te colocar de pé, mas, uma vez no chão da vergonha, seguir a própria existência se arrastando é menos vexatório do que se levantar e exibir o fracasso para mais espectadores.

Nem todos conseguem sobreviver dentro de uma cultura de restrições de envolvimento. Compromissos eternos se transformam em eventos breves. O ‘pra sempre’ flerta com um ‘pra depois’.

Abrir mão é tão difícil quanto abrir o coração. Como deixar alguém entrar sem que a outra pessoa precise sair? Como unir aventura e estabilidade numa vida só?

Então, você se coloca fora da área de tiro. Mesmo com munição suficiente para anunciar uma terceira guerra mundial.

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.