Eu falo com meu cachorro. E tenho certeza de que ele me responde. E você não pode me chamar de louca porque, se você não conversa com seu pet, o louco é você.
Eu reconheço alguns latidos, choramingos e resmungos do meu cão como se fossem frases, e geralmente compreendo o que ele quer.
Mas, frequentemente, me pego pensando em como seria – e o que ele diria – se ele realmente falasse.
Seria ele um cão culto, usando expressões como “por obséquio, humana, você faria a gentileza de me conduzir até o exterior do imóvel para que eu possa saciar minhas necessidades fisiológicas?”, ou faria mais o tipo malandro: “coé, mina, preciso mijar, valeu?!”?
Será que, quando eu chego em casa e ele pula e abana o rabo ao me ver, estaria ele dizendo “oba, mamãe, você chegou! Estou tão feliz!”, ou apenas “uhuuuuulllllll, partiu brincar?”?
Quando entra no carro e implora desesperadamente para eu abrir a janela para que ele possa tomar vento, será que diz “Que belo dia para se estar vivo e observar a cidade, saboreando esta agradável brisa!”, ou seus grunhidos são mais como “Por favor, por favor, me deixa ver todas essas árvores nas quais eu preciiiiiiiiiiiiso mijar um dia”?
Quando pede um teco de qualquer coisa que eu estou comendo, seria ele um cão educado, que diria “hummm, este alimento me parece muito saboroso… será que eu poderia degustá-lo?”, ou ele faria o adolescente insolente e diria “me dá logo isso aí, pô!”.
Enfim, eu não canso de me questionar o que ele diria se pudesse articular as palavras e verbalizar as coisas que normalmente me diz apenas com abanos de rabo, latidos, rosnados, resmungos e olhares de pidão.
Mas, eu gosto de pensar que ele se sente feliz e realizado com as coisas mais simples, como sempre acreditamos que são os sentimentos dos cães. Eu me sentiria muito tola se descobrisse que, na verdade, o que ele tem tentado me dizer esse tempo todo foi: “tá bom, tá bom, humana, eu vou buscar a bolinha para você poder jogar, mas só mais uma vez, ok?”.
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[…] a dança dos gatos na sacada do vizinho – ou com a rotina diária do Luke, que dorme ao lado da minha mesa -, constatei que a vida do quarentener só é suportável com um […]
Pelo o que conheço do Luke, acho que ele seria mais malandro/maloqueiro. Mas o mais lindo de todos!