Canto dos contos

Quem vai nos salvar?

Escrito por Bruno Leo Ribeiro

Num cenário distópico – não muito distante da nossa realidade -, Sarah é confrontada com uma novidade.

Sarah era uma catadora de lixo que morava em uma casinha pequena, que ela mesma construiu, em uma cidade abandonada de um mundo quase pós-apocalíptico.

A cidade foi formada em volta do lixão da única cidade que restou do país.

Sarah foi pra lá na esperança de uma vida um pouco melhor do que a vida na cidade superpovoada.

Depois de 10 anos morando ali, foi a única catadora que sobrou.

A cidade parecia um cenário distópico. 

Acumulou-se tanto lixo, que ninguém dava mais conta. Todos foram embora.

Ela vivia do que encontrava naquela cidade fantasma.

Achava fotos, livros, resto de comida enlatada, relógios e todo tipo de coisa que as pessoas jogavam fora.

Seguiu sua rotina. Levantava, ia catar o lixo, separava tudo em categorias para levar para a fábrica de reciclagem abandonada e voltava pra casa.

Um belo dia, um homem apareceu na cidade.

Sarah se apresentou e o homem disse que se chamava Elias.

Sarah o levou pra casa, já que ele não tinha para onde ir, e mostrou tudo que ela já tinha catado.

Ele se encantou por ela.

Ela se encantou por ele.

No dia seguinte, eles acordaram e foram catar lixo juntos em uma parte mais distante do lixão. 

Depois de algumas horas, Elias viu de longe uma muda de árvore crescendo. 

“Meu Deus! Uma árvore! A humanidade está se regenerando!”, disse ele.

Sarah nem se lembrava da última vez que havia visto uma.

Elias parou e contou a verdade pra ela.

“A verdade é que eu trabalho pro governo e fico por aí procurando sinais se a natureza está se regenerando pra criarmos um plano pro futuro. ”

Sarah olhou pra ele e disse: “Mas foram vocês que cortaram a última árvore 15 anos atrás! Num fode, porra!”

Sobre o autor

Bruno Leo Ribeiro

Diretor de arte por profissão, músico, produtor musical e compositor por teimosia. É host do podcast sobre música Silêncio no Estúdio e já escreveu um romance chamado “Todas as Cores: ascensão e queda de um publicitário”, publicado em 2017. Entre um e outro projeto, cria um novo projeto para ficar ocupado antes de criar um novo projeto. Curioso e dedicado, agora se aventura escrevendo seus deboches, personagens caricatos e suas observações do cotidiano. Mora em Helsinki na Finlândia desde 2011 e diz que seu melhor trabalho, foi a co-produção de dois adoráveis seres humanos.

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