Sem meias palavras

Publicidade postiça

Escrito por Brunno Lopez

Algumas pessoas supervalorizam tanto seus próprios feitos que acabam se tornando uma caricatura de si mesmos. E, ainda por cima, irritantes.

Nunca fui aquele cara que pagava pau pra todo e qualquer palestrante de paletó e caneta laser na mão. Prefiro aplaudir quem não segue protocolos. Escolho o talento silencioso, a virtude das entrelinhas. Quem me vende postura de genial não tira um centavo da minha admiração.

Não foram eles que criaram padrões e conceitos de porra nenhuma. Não fiquem com essa ideia obtusa de que precisamos merecer um lugar ao lado dos profissionais. Ninguém tem nada por merecimento. Só se tem por mérito, e olhe lá!

Eu pensava que, quanto mais o tempo passasse, mais as pessoas se sentiriam seguras. Mas não. Elas compram passagens para o inferno e colocam a solidariedade na primeira classe desse voo. Idiota sou eu que espero gentileza de quem acha que neurônios são bolas de gude.

Não me agrada cozinhar para o ódio. Alimentá-lo diariamente com um silêncio temperado, mastigando os dias que passam para engolir sem fome. Não é esse remorso que faz o ar circular por meus pulmões. A fadiga da minha paciência está unicamente concentrada nos seres humanos que acreditam serem mártires de causas inúteis.

As melhores pessoas que conheci na vida nunca me cumprimentaram ostentando suas conquistas. Eu defendo o amor próprio e o reconhecimento de contribuições artísticas, mas se vangloriar de badulaques publicitários é tão vergonhoso quanto o jornalismo do SBT. Ninguém é grande apenas por fazer sombra. Gigantes são os que acreditam que o seu olhar contempla a maior parte do horizonte.

Defenda a sua ideia. Compre a sua própria linha de pensamento. Nunca desvie o olhar da prepotência. Encare-a. Todo veneno é parte da cura. Não espere a justiça, apenas não seja culpado.

A glória não está em simplesmente superar um inimigo, está em ensinar às pessoas que o mesmo não representa nada.

O indiferente sabe ferir.

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.

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