Acredito que toda pessoa que escreve tenha algum tipo de dificuldade no processo.
A minha nunca é começar. Eu sempre tenho um sem-número de ideias e de textos começados.
Mas a minha grande dificuldade é, sempre, o final. Eu digo tudo o que gostaria de dizer, e me pego encarando a tela (ou o papel) e me perguntando: “tá, mas e daí?”.
É como se eu saísse de casa para uma caminhada, mas, num dado momento, parasse e não soubesse mais para onde ir.
Então, eu penso: será que todo texto precisa, mesmo, ter um final arrebatador, surpreendente, conclusivo, que dá sentido a tudo o que veio antes? Ou eu posso me limitar a dizer algumas coisas que eu queria e deixar o leitor concluir o raciocínio? Seria esta uma estratégia despojada, ou apenas perigosa?
Lembrando que, em muitos filmes e séries, o que nos desaponta é justamente o final. Quando a história não termina exatamente como a gente gostaria dá até uma sensação de arrependimento, de tempo perdido, não é?
Penso que talvez um texto poderia ser como uma música, em que a parte mais importante – o refrão – está no meio. E é ele que marca e gruda na cabeça das pessoas. E não o final.
Bem, as artes são distintas entre si, e cada uma delas tem a sua peculiaridade. Eu ainda não desenvolvi as habilidades necessárias para dar aquele grand finale aos meus textos.
Mas, pode ser que um texto seja apenas como a vida mesmo em que a gente não pode prever, quiçá planejar o final.
Nossa, para mim já é o contrário. Eu tenho muita dificuldade de começar meus textos, depois tudo flui. Geralmente eu faço o final primeiro.
História com meios e reflexões sem final pra mim é outra coisa. Isso se chama sessão de terapia.
Texto tem que ter conclusão. Nem que a conclusão seja não conclusiva.
Todos os textos? Ou, dependendo do gênero textual, você pode brincar mais com as palavras? Textos acadêmicos, concordo, obrigatoriamente têm de ter uma conclusão. Mas e os textos poéticos? E as crônicas do cotidiano? Precisamos mesmo chegar a uma conclusão definitiva?