Em tempos de Reforma da Previdência, se você ainda não começou a pensar no que vai ser da sua aposentadoria, ou você é suicida ou você ainda não entendeu o que está acontecendo no nosso país. Desde que essas discussões entraram em pauta, eu comecei a me preocupar – tardiamente, admito – com o futuro da Pati velhinha.
Pela regra atual – que eu acredito que ainda vai mudar (para pior!) – eu vou me aposentar aos 62 anos, recebendo o teto do INSS. Sendo assim, ainda teria 24 anos de trabalho pela frente para correr atrás do prejuízo. Embora eu tenha uma previdência privada ridícula (a qual pretendo resgatar assim que cumprir o prazo de carência – já explico por que farei isso) e um plano de previdência complementar administrado pelo governo (#tenhomedo), sinto que isso não me dá segurança nenhuma.
Eu não sei você, mas se tem uma coisa que eu aprendi ao longo dos meus 38 anos é que, principalmente em se tratando de dinheiro, não se pode confiar em governo nenhum. Se você confia sua aposentadoria ao governo, só posso te desejar boa sorte…
Sendo assim, em dezembro de 2019 eu comecei a traçar um plano para conseguir me aposentar independentemente do que acontecer no futuro. Saí da minha zona de conforto (#soudehumanas) e comecei a estudar um pouco deste mercado maluco de investimentos e descobri, finalmente, o que os economistas querem dizer quando falam que “brasileiro precisa de educação financeira”. Precisamos mesmo!
O que eu aprendi nas últimas semanas (que ainda não é nada frente às possibilidades que existem), deveria ser ensinado na escola: siglas como CDI, Selic e IPCA deveriam fazer parte do repertório de uma criança de 12 anos. Pais deveriam fazer CDBs e adquirir títulos do tesouro para os filhos no momento em que eles nascem.
Hoje eu sei o básico sobre renda fixa (não me arrisco no terreno da renda variável, porque isso é para quem manja dos paranauê), e entendi qual é o melhor lugar para eu deixar meu ralo dinheirinho crescendo até eu me tornar a velha dos gatos (e claro que não é na poupança, né mores!?)…
Eis o motivo pelo qual resgatarei meu plano de previdência privada, pois aprendi como cuidar do meu dinheiro sozinha (#chupabancos) – descobri que, em tempos de Selic a 4,4% ao ano, é inadmissível pagar 2% de taxa de administração, pois isso significa que, se o título for razoável e render 100% da Selic, me sobram ridículos 2,4% ao ano – e isso é menos do que a inflação (ou seja, até a ineficiente poupança é melhor do que um plano de previdência privada (caso tenham um, fujam dele)!
Mas o que mais me intrigou nisso tudo é que, devido ao fato de eu estar com quase 40 anos e ainda não ter nem uma reserva de emergência formada, para eu ter uma aposentadoria tranquila, eu deveria viver com 70% do meu salário e investir os outros 30%. Isso significa que eu preciso baixar consideravelmente meu padrão de vida, ou achar uma forma de ganhar mais dinheiro.
Só que fazer renda extra significa trabalhar mais, e trabalhar mais significa ter menos qualidade de vida. Viver um degrau abaixo também impactaria diretamente na minha qualidade de vida, e é aí que vem o dilema: devo viver o hoje sem me preocupar se no futuro eu terei como sobreviver, ou devo sacrificar o meu presente em prol de um futuro que eu nem sei se um dia vai chegar (afinal, posso morrer a qualquer momento)?
Não quero ser muquirana a ponto de não usufruir do dinheiro do meu trabalho, e muito menos ligar o modo vida loca e ser irresponsável com ele – pois só eu sei o que eu passo para conquistá-lo. Como sempre, o meio-termo parece a saída mais razoável.