Dinheiro não traz felicidade, diz o ditado. Os mais gananciosos dizem que quem diz isso não sabe onde comprar, mas que tem preço. Já os mais espirituosos concordam, mas dizem que sofrer em Paris, Londres ou Nova Iorque ajuda muito. Não apareço aqui com a ideia irresponsável de precificar ou não a felicidade. Particularmente, não sou muito simpático a esse papo de ser feliz. Isso é algo pra quem acredita na felicidade como um estágio que possa ser prolongado, e eu respeito isso. Mas, pelo menos pra mim, a felicidade acontece como um espirro. Acontece, na maioria das vezes, do nada, passa rápido e até alivia e, mais uma vez, no meu caso, se vier em quantidade, me irrita.
Acho legal quem consegue viver com alergia. Talvez por isso alergia e alegria sejam acrônimas. A pessoa alérgica é a pessoa feliz. O sujeito que espirra de vez em quando, é do meu tipo. Minha grande proposição nessas linhas é que percebi que alguns espirros têm preço. A academia, pelo menos quando acaba, faz bem… E a gente sabe bem quanto a nossa custa. Um gol do nosso time num estádio lotado ou numa competição importante muda um dia, tomemos como um espirro! Isso tudo tem preço, você sabe, mesmo que só aproximadamente, o quanto gastou (ou investiu) pra viver aqueles momentos.
Agora, me digam: quanto vale o sorriso de uma criança, um momento bobo a dois ou seu doguinho fazendo festa pra você depois de um dia miserável no trabalho? Qual o preço de um elogio profissional sincero, de um carinho no ego ou de um presente sem motivo? Quantos espirros uma viagem pode promover ao longo de toda sua vida?
Mesmo não sendo alegre, ou melhor, alérgico, percebi que o dito popular e todos os seus complementos têm razão. Talvez eu ache que a felicidade possa ter preço, mas só às vezes! Só tenho certeza de que dinheiro não compra alergia, quer dizer, alegria.
Espirrem!
Mto interessante o texto!