A vida atropela.
Às vezes com vento, outras com feno. A vida bate forte como um tambor. A melodia de uma dor atrás da outra. De uma lágrima que cai num lindo dia de sol. De uma lágrima que fica presa nos olhos da depressão. Todas as dores do mundo. O ininteligível. O que não se vê. Todas as dimensões de uma dúvida que paira no ar, como aquela folha miúda que voou longe com a tempestade. Não volta mais. A vida.
Cada dia mais complexa, algo que transcende as dificuldades da vida adulta. Ser humano é arame farpado. Ser humano é mais humano do que real. A realidade. Ser. Não ter. Ser. A pureza dos sentimentos inatos. A certeza do que foi aprendido. Apreendido em si. O desentender. Todas as tragédias do mundo. O grito que ecoa nas paredes silenciosas da mucosa. O furacão que infla o interior e faz sofrer. A vida.
Não houve preparo, não existem respostas. Humanos, encrustados em pele densa, em sangue vermelho enferrujado, em ossos que balançam. Perdidos. A vida. Derradeira, impetuosa, única.
Muitos são os mitos e poucos os sentidos. Cinco. Menos do que os pecados capitais. A religião que não dá conta. A esperança. Os olhos fechados enquanto o coração lateja.
Ainda bem que existem os sonhos.
A vida.
Inexplicável.
A vida.
Caminho irremediável para a morte.