Acomodado entre cômodos e paredes, me escoro ao relógio que insiste em funcionar de maneira completamente irregular. Instável como o tempo, o humor se desfaz de maneira tão ágil quanto o sal de fruta que evita o enjoo de cada dia.
Tarefas simples ganharam um novo significado. Em meio aos pensamentos rasos, procuro me afogar em trabalho. Não é fácil se esquecer da rotina. Repenso condições, profissões, gostos, vontades, conceitos, luxos, privilégios e saudades.
Estamos banidos de nós mesmos. A estrutura de tudo mudou. O chopp despretensioso perdeu seu lugar. A obrigação da academia se tornou uma saudade distante e a casa se tornou uma prisão.
Paralelos malucos que se cruzam na cabeça que vagueia. As férias de um BBB, o bem remunerado trabalho embarcado, o senso punitivo do encarceramento. A relativização de tudo isso já me deixou tonto enquanto girava pela minha cabeça.
Orbitando estaticamente por cada dia da semana, vamos tentando vencer a cada dia. Correndo com tudo parado, da maneira que a gente conseguir.