Sexo é poesia

A paz dos corpos

Escrito por Juliana Britto

É a raridade que atribui ao diamante o seu valor.

Só se consegue a paz dos corpos em momentos da mais pura distração e intimidade. A paz do corpo, no singular, é mais facilmente alcançada, porém, a paz dos corpos, no plural, é difícil de atingir. Ainda que se busque muito por ela e com fervor, só aparece de surpresa. Descortina o infinito em nós.

A paz dos corpos requer sincronia, uma harmonia simples. Não tão fugaz como o gozo, pois pode perdurar um pouco depois do desenlace. É silenciosa e não dá explicações. Aparece como um toque suave, como um prorrogar do tempo. Cronos ‒ ou seria Afrodite? ‒, benevolente aos amantes, permite que estes sintam-se num tempo estático e completo.

Não ocorre com frequência, caso contrário, tornaria a humanidade insensível. É a raridade que atribui ao diamante o seu valor.

A paz dos corpos apazigua aquilo que não tem nome, nos transporta para um estado de suspensão e quase miragem.

Nos serve de metáfora. Depois dele, o sono estabiliza o corpo. Admite-se e deseja-se essa quase morte, trazida por Morfeu, como uma antecâmara para outra aurora.

A paz dos corpos une almas tão dispares, numa eternidade volátil, onde só existem esses corpos, em plena paz.

Sobre o autor

Juliana Britto

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