Passamos a vida procurando o “grande amor” das maneiras mais desastradas e nos lugares mais equivocados possíveis.
Nos convencemos de que o amor está nos grandes gestos espetaculosos. De que provas de amor precisam necessariamente vir trajadas de loucuras impulsivas. Que o amor que vale a pena é aquele sofrido, sacrificante, que lacera a alma, e que depois nos leva do inferno ao céu em três segundos.
Acreditamos que o amor verdadeiro é intenso e impetuoso, e que as declarações e provas de amor precisam de público e audiência.
E, enquanto seguimos idealizando esses romances cinematográficos, tornamo-nos cegos para enxergar onde ele nasce e cresce de verdade. Por vezes, até o deixamos passar por não termos o olhar treinado o suficiente para reconhecê-lo.
O fato é que, salvo uma exceção aqui e outra acolá, o amor está muito longe de se apresentar nessas formas hollywoodianas.
O amor, de verdade, é sutil. Está nas coisas mais singelas que se pode imaginar. Nos pequenos gestos do cotidiano. Naqueles momentos que não seriam produzidos por nenhum diretor de cinema. Mas que nem por isso são menos sublimes.
Está na leveza de um café da manhã compartilhado na cama, sem pressa. Mas, também, naquele da correria do dia a dia, antes do trabalho.
O amor está no cuidado implícito em uma mensagem: “você almoçou?”. No aconchego de um colo ao fim de um dia cansativo. No toque despretensioso das mãos em meio a uma conversa casual.
O amor está na total ausência de glamour de um dia de faxina. No conforto de um pijama em detrimento de um traje de gala. Nos perrengues financeiros do fim do mês. No abraço de reencontro que dispensa palavras.
O amor está no aprendizado conjunto e nos ensinamentos recíprocos. Na paciência e na humildade de ouvir. Na compreensão das imperfeições. No perdão e na parceria.
O amor está na cumplicidade de um olhar que diz tudo. No sorriso instintivo que precede um carinho. Nas risadas, nas lágrimas, no afeto que acolhe.
O amor não está na excepcionalidade, nas datas especiais ou nos grandes acontecimentos. Está no ato de transformar o cotidiano em aventura.
O amor pode até comportar o inesperado, mas sua base funda-se na construção paciente e contínua.
E o mais importante: o amor não está onde você procura. Está onde você encontra.