Acredito que nenhum tema no mundo inspire mais debates, teorias e idealizações que o amor.
Há gerações e gerações que os músicos compõem sobre o amor, os poetas, escritores e filósofos tentam dar conta do assunto, o cinema se alimenta insaciavelmente desta pauta.
Desde que o mundo é mundo e o homem aprendeu a se comunicar, vimos tentando explicar, tachar, rotular, definir o que é o amor.
Em qualquer idioma, em qualquer cultura, em qualquer religião, o amor está lá. Em forma de música, de texto ou mandamento sagrado. É sempre o amor.
Mas esse sentimento tão amplo e complexo não parece caber numa tradução tão simples, meramente codificada em linguagem verbal, representada no nosso idioma por uma palavra de apenas quatro letras.
A sensação que eu tenho é que nessa empreitada que atravessa década após década, século após século, mesmo com todos os aparatos tecnológicos e todo o conhecimento linguístico à disposição, ninguém ainda chegou perto de obter êxito.
Por isso, ciente da limitação humana e de minha própria incapacidade lexical, não disponho de tamanha ousadia de tentar me equiparar aos grandes pensadores que buscaram decodificar o amor.
Recolhida à minha insignificância, tenho me concentrado mais em sentir do que falar. Tenho preferido os gestos às palavras.
Porque, por mais que eu goste da comunicação verbal, acredito que nem sempre ela é a mais eficiente. Nenhuma frase ou texto consegue expressar melhor um sentimento que o olhar, o toque, um abraço, um gesto.
A linguagem do amor é tão poderosa que consegue se manifestar até mesmo entre pessoas de diferentes idades, culturas e credos – e até por quem ainda nem aprendeu a falar.
E quem ousará duvidar da potência desse sentimento tão puro que consegue ser sentido e compartilhado, mesmo sem nenhuma troca de palavras? Quem poderá questionar um sentimento tão palpável, tão poderoso, capaz de transformar vidas e destinos?
O amor é muito mais robusto que qualquer discurso, certeza ou doutrina. Tão autossuficiente que, às vezes – muitas vezes, eu diria -, torna-se obsoleto falar de amor.
O que a gente precisa fazer mesmo é amar. Só amar.