Imagine a seguinte situação: uma mulher de 40 e poucos anos descobre, em meio a uma terapia de casal, que seu câncer voltou. E em estágio 4 – incurável. Misture à trama o fato de que ela e o marido estavam em terapia justamente porque, desde que ela adoecera, a vida sexual deles deixou de existir, e você tem a combinação perfeita entre drama e comédia. Ela, tomada por uma libido incontrolável, sente-se insatisfeita pois ele não demonstra mais desejo por ela; ele, por sua vez, não consegue mais a enxergar como mulher, e sim como paciente, tendo assumido integral e exclusivamente o papel de cuidador.
Consternada com sua sentença de morte e com tudo o que ainda não viveu, Molly (interpretada por Michele Williams) decide, então, que quer explorar sua sexualidade. Nessa jornada, repleta de novas descobertas e autoconhecimento, ela lida com traumas do passado e com inúmeras situações inusitadas durante seus encontros eróticos.
Mas, não se engane: apesar das cenas picantes, a série não se enquadra no gênero pornô. A narrativa consegue abordar a temática kink sem estereotipar, de uma maneira divertida e, ao mesmo tempo, respeitosa. O sexo, embora pareça ser a trama central, na verdade é apenas o fio condutor que conecta a história, mas o verdadeiro pano de fundo é a forma como Molly lida com os inúmeros desafios que sua doença impõe e com suas próprias questões ainda não resolvidas.
E nesse quesito a obra dá um show de leveza e humor. As cenas de Molly com seus parceiros são hilárias, porém talvez não tão engraçadas quanto as cenas com sua melhor amiga, Nikki (Jenny Slate). No fim das contas, o show é sobre isso também: amizade, companheirismo e profundo respeito e compreensão das necessidades das pessoas que amamos, aconteça o que acontecer.
Sem mais delongas – e para não correr o risco de dar spoilers -, o resumo é: assista! E prepare-se para rir muito, refletir sobre a vida e se emocionar com essa minissérie deliciosamente paradoxal.
A série está disponível no Disney+.
