Pensamentos crônicos

Atenda o seu portão

Escrito por Brunno Lopez

Quantas oportunidades perdemos na vida, por puro medo? Quantas vezes fingimos que não estamos em casa, para não deixar alguém novo entrar?

O que aprendemos nos dias em que chove mais dentro da gente do que lá fora? Ou, ainda, quando a tempestade da janela pra fora cessa, mas existe uma continuação de Twister dentro de um peito onde mais apanha do que bate um coração?

Não procuro a resposta das interrogações, só deixo no ar como quem entrou em órbita sem ter dinheiro pra mandar construir o foguete: apenas acordou de um sonho e descobriu que está mais alto que qualquer um, tocando as estrelas como se fossem instrumentos musicais celestiais.

Atrasado de gentileza, o meu boa noite chegou na hora do almoço, mas é tão verdadeiro quanto uma nota de cinquenta que você confere com os dedos procurando o relevo. Seja indiferente com o lado ruim das coisas, é só o perfil que não fica bem na fotografia. É o perdão de que o mundo precisa mais que carboidrato. É o juramento que a gente faz de pés juntos e mãos separadas, de braços dados com alguém que esqueceu como os dedos se entrelaçam.

Sempre faço questão de ligar para o melhor das pessoas mesmo que elas ignorem a ligação. O pior sempre passa, mas, se a gente finge não estar em casa, ele vai embora. Por isso, é bom às vezes ouvir as palmas na frente do seu endereço. Nem sempre é alguém nos vendendo algo que não precisamos: pode ser o mundo querendo te aplaudir.

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.