Eu gosto do conforto. Poucas coisas me fazem mais feliz do que chegar em casa, após um longo dia de trabalho, e abraçar o meu conforto. Sai jeans, sutiã, calçado. Entra pijama, chinelo, almofada.
Como é bom tomar um banho quentinho no inverno. Colocar meia, pantufa e roupão. Deitar naquele cantinho favorito do sofá, com um chá quente e aquela mantinha de estimação.
Como é bom refrescar o corpo no verão. Usar saias leves de viscose, com um coque alto deixando o vento tocar a nuca. Tomar sorvete e chupar os cubos de gelo da coca-cola gelada.
Deitar pra dormir sobre o travesseiro frio. Cobrir os olhos com uma máscara calmante. Passar um hidratante cheiroso em cada poro do corpo. Acender uma vela e sentir o aroma das flores preencher o quarto. Massagear os próprios músculos enquanto a música favorita alcança os ouvidos.
Pequenos privilégios que muitas vezes passam batidos, mas que precisam ser reconhecidos. A existência irrequieta e complexa é muito mais fácil por causa dos pequenos confortos.
Tirar um calçado apertado, fazer um resgate na calcinha, passar fio dental nos dentes, remover uma farpa do dedo, coçar a casquinha da ferida, alongar o pé com cãibra, cortar a etiqueta da blusa…
Agradeço ao universo por conhecer o conforto. Minha vida seria muito mais confortável, no entanto, se todas as pessoas do mundo pudessem ter esses momentos de paz de espírito que só o conforto proporciona. Das incongruências da vida essa, sem dúvidas, é uma das que mais me machucam. Respiro fundo e te pergunto:
Já abraçou o seu conforto hoje?