Eu cansei de pedir desculpas pelos meus excessos. Na verdade, nem tenho mais idade para isso. Eu já conquistei – e já perdi – muita coisa na vida para continuar me desculpando.
Esses dias, estava conversando com uma pessoa que, quando eu disse que gostava de sair para tomar uma cerveja, me respondeu que não bebe, mas não se importa que a pessoa que está com ela beba, “desde que não haja excessos”.
Primeiramente, o que é beber em excesso? Acredito que os parâmetros variem de pessoa para pessoa. Para quem não bebe nada, talvez dois chopes já sejam muita coisa.
E não que eu esteja aqui querendo fazer apologia ao alcoolismo, mas geralmente quando a pessoa diz isso, já vem um julgamento implícito. Logo, se houver a menor chance de eu me sentir julgada, já não quero sair com essa pessoa. Ponto.
E não me refiro aqui apenas ao meu direito de tomar uma cervejinha no fim de semana (ou até mesmo durante a semana, afinal, eu posso).
Refiro-me a tudo que o mundo – as pessoas, no caso – tenta me dizer que eu não posso ou não devo fazer. Ou, que se eu fizer, tem que ser com moderação.
Passei a vida ouvindo das pessoas que eu falo muito. Ou que eu falo alto. E que eu sou exagerada. Ou que meu cabelo é chamativo. Ou que eu deveria ser mais mocinha. Que eu falo muito palavrão. Que eu sou explosiva. Que eu sou muito revoltada. Que eu sou boca-dura. Que eu sou dramática. Que eu sou isso ou aquilo em excesso.
E muitas vezes eu tentei mudar. Tentei ser uma pessoa mais ponderada, uma pessoa mais equilibrada, uma pessoa mais quieta, uma pessoa low profile. Acontece que tentar mudar minhas características mais marcantes é aleijar a minha essência. É sufocar meu verdadeiro eu. E não que eu não tenha meus momentos mais introspectivos, mas, essa pessoa expansiva e cheia de excessos, no fim das contas, é o que eu sou. Sorry, not sorry.
E eu posso até não agradar a todo mundo, mas, de restrito, já basta meu orçamento. Então, como diria o filósofo: eles que se fodam.