Por ter nascido em 1985, eu passei 34 anos esperando algo que não acontecia há 38: ver o Flamengo ganhar uma Libertadores.
Vi Copas do Brasil, vi alguns Brasileiros, vi incontáveis Cariocas e outras vitórias. Mas faltava a Libertadores. O ponto mais alto da América. O Aconcágua do futebol.
Durante anos batemos na trave, nos goleiros, no Cabañas, no Emelec e, principalmente, em nossos próprios erros.
E quando, finalmente, acertamos, tinha que ser do jeito mais flamenguista possível. Uma combinação de desafios e coincidências que só o Flamengo poderia proporcionar para sua torcida.
Se, de um lado, tínhamos que jogar um jogo único, contra um time argentino, atual campeão da Libertadores, com mudança de sede em cima da hora e um mundo de gente torcendo contra; do outro, tínhamos 40 milhões de corações fazendo o sangue vermelho e preto empurrar um time que merecia demais essa conquista, exatos 38 anos depois da primeira.
Mas não bastava ganhar.
Tinha que ser do jeito Flamengo.
Tinha que ser com emoção pra testar esses 40 milhões de corações.
Tinha que tomar um gol bobo no começo do jogo, com um erro de Gérson e Arão, dois dos melhores jogadores.
Tinha que entrar o Diego, símbolo desse movimento de renovação do Flamengo, para dar uma nova energia pro time.
Tinha que sair o primeiro gol, numa triangulação perfeita entre Bruno Henrique, Arrascaeta e Gabigol, o melhor trio ofensivo do mundo.
Tinha que ser aos 43, o número sagrado das redenções rubro-negras.
Tinha que acontecer uma falha do zagueiro que jogou absurdamente bem o jogo inteiro.
Tinha que cair nos pés do artilheiro que todos estavam com medo de perder a calma e ser expulso.
Tinha que ter gol do Gabigol.
Tinha que ser.
Parabéns, meu Flamengo. Estamos novamente onde não deveríamos ter demorado 38 anos para voltar.
E que venha (novamente) o Liverpool, pois agora o seu povo pede o mundo de novo.