“Um esporte não é esporte quando não há relação entre esforço e recompensa. Quando apenas alguns têm sucesso garantido, que não se importam em perder”.
A frase é do treinador espanhol, Pep Guardiola, técnico do Manchester City, um dos 12 clubes gananciosos da Europa que decidiram anunciar na semana passada a criação de uma tal Superliga Europeia. Os clubes em questão eram Real Madrid, Atlético de Madri e Barcelona na Espanha; Juventus, Inter de Milão e Milan na Itália; Manchester United, Manchester City, Arsenal, Liverpool, Chelsea e Tottenham na Inglaterra.
A ideia – furada – naufragou poucos dias depois de ser comunicada, tamanha a revolta de torcedores, imprensa e entidades importantes ligadas ao futebol.
Beirava o absurdo. Os clubes mais milionários do mundo – e, nem por isso, os melhores tecnicamente – formariam uma competição paralela, só entre eles, com pelo menos 15 vagas cativas garantidas e outras cinco remotas, sem critério técnico algum, deixando de lado a Liga dos Campeões da Europa, esse sim, o principal torneio de clubes do planeta.
O motivo? Poder, ganância e dinheiro. Felizmente o projeto não prosperou. Quase que imediatamente, a reação dos torcedores, especialmente os ingleses, veio e foi pesada. A maioria, contra a esse caos esportivo. UEFA e FIFA se manifestaram, ameaçando excluir clubes de torneios nacionais em seus países e impedir jogadores de representar suas seleções.
Abaixo ao futebol moderno, dessa geração chata movida pelos craques do PlayStation. A graça desse esporte em relação a todos os outros é a de que não se trata de uma ciência exata, tal qual um basquete ou vôlei, onde raramente acontecem surpresas. No futebol, é possível o pequeno derrotar o gigante, jogando apenas na defesa, por uma única bola no ataque. Faz parte do jogo. Ver um modesto Leicester ser campeão da milionária Premier League, na Inglaterra, é algo prazeroso. Ou os italianos Napoli e Atalanta avançando nas fases derradeiras da Liga dos Campeões da Europa.
Uma competição com sempre os mesmos clubes perderia a graça rapidamente e suas partidas se transformariam em jogos comuns, deixando em pouco tempo de ter a devida importância dos clássicos, que, porventura ocorrem em torneios nacionais ou continentais. Que os donos desses clubes sosseguem o facho e não queiram se aventurar mais nessas ideias estapafúrdias. Apesar de que já disseram que não vão desistir. Bom, já provaram a verdadeira reação da comunidade da bola, e a vontade dela prevaleceu.