Considero o ritual que leva um homem a visitar seu barbeiro algo quase sagrado. Poucas coisas podem ser mais caras a alguém que enfrenta o fantasma da calvície do que a perfeição de sua barba. Eu, também nesse caso, cumpro meu papel de homem médio, abastecendo generosamente o caixa de minha barbearia favorita e preenchendo o tempo na agenda de meu insubstituível barbeiro.
Antes de ser um profissional especialista, o barbeiro é um verdadeiro terapeuta. Compreender as dores e os humores de seus barbudos, carecas e cabeludos de estimação é algo tão marcante quanto os já característicos odores de uma barbearia. Óleos, pomadas, balms e toda uma infinidade de loções mágicas – ou poções capilares, vai saber! – se misturam no ar mais do que característico deste ambiente que mistura divã e playground.
Entre uma tesourada e outra, o cuidado fala mais alto, seja pela navalha precisa, que demanda tanta perícia, ou pela toalha quente, que relaxa e abre os poros. Ainda que a técnica possa ser um diferencial, medir a agilidade do serviço é uma premissa que só os melhores dominam. Atender com uma lenta rapidez é importante. Sem tempo, o papo não flui e a sessão de terapia fica prejudicada.
Dominar, ainda que superficialmente, uma série de assuntos pode ser um diferencial, assim como a curiosidade por absolutamente tudo. O melhor barbeiro é um “tudólogo” curioso, te deixando à vontade pra ser feliz ali, enquanto ele cisma em ser capaz de te deixar bonito de um jeito que você não é.
Eu recomendo terapia pra 99% das pessoas que conheço atualmente. De verdade. Mas eu também recomendo, pra 100% dos meus amigos homens, sessões regulares de barbearia.
Obrigado aos barbeiros, em especial ao meu, Marcelo Península! O mundo seria bem melhor se tivéssemos acesso amplo e universal aos serviços de bons barbeiros!