Que beleza!

No fio da navalha

Escrito por Thigu Soares

Uma a ida à barbearia é mais do que uma rotina de autocuidado: é uma sessão de terapia. Vida longa aos bons barbeiros!

Considero o ritual que leva um homem a visitar seu barbeiro algo quase sagrado. Poucas coisas podem ser mais caras a alguém que enfrenta o fantasma da calvície do que a perfeição de sua barba. Eu, também nesse caso, cumpro meu papel de homem médio, abastecendo generosamente o caixa de minha barbearia favorita e preenchendo o tempo na agenda de meu insubstituível barbeiro. 

Antes de ser um profissional especialista, o barbeiro é um verdadeiro terapeuta. Compreender as dores e os humores de seus barbudos, carecas e cabeludos de estimação é algo tão marcante quanto os já característicos odores de uma barbearia. Óleos, pomadas, balms e toda uma infinidade de loções mágicas – ou poções capilares, vai saber! – se misturam no ar mais do que característico deste ambiente que mistura divã e playground. 

Entre uma tesourada e outra, o cuidado fala mais alto, seja pela navalha precisa, que demanda tanta perícia, ou pela toalha quente, que relaxa e abre os poros. Ainda que a técnica possa ser um diferencial, medir a agilidade do serviço é uma premissa que só os melhores dominam. Atender com uma lenta rapidez é importante. Sem tempo, o papo não flui e a sessão de terapia fica prejudicada. 

Dominar, ainda que superficialmente, uma série de assuntos pode ser um diferencial, assim como a curiosidade por absolutamente tudo. O melhor barbeiro é um “tudólogo” curioso, te deixando à vontade pra ser feliz ali, enquanto ele cisma em ser capaz de te deixar bonito de um jeito que você não é. 

Eu recomendo terapia pra 99% das pessoas que conheço atualmente. De verdade. Mas eu também recomendo, pra 100% dos meus amigos homens, sessões regulares de barbearia.

Obrigado aos barbeiros, em especial ao meu, Marcelo Península! O mundo seria bem melhor se tivéssemos acesso amplo e universal aos serviços de bons barbeiros!

Sobre o autor

Thigu Soares

Um ex-jovem sempre velho que sonhou ser escritor. Blogueiro bissexto, cronista por vocação, "publicizeiro" totalmente por acaso. Intenso, exagerado, mal humorado, ácido e corrosivo. Leal, amigo e um pouco mentiroso. Flamenguista, carioca e pai de dois Pugs lindos. Luto contra a balança e brigo com a tarja preta. Já quis salvar ou o mundo, mas dá muito trabalho, mas dá preguiça… Mesmo sem fazer isso direito, tento seguir rabiscando como dá. É bom pra combater ou manter a loucura.

Comente! É grátis!