Que beleza!

Conviva com quem sabe elogiar

Escrito por Patrícia Librenz

Porque a vida é muito curta pra se relacionar com quem só lhe critica.

Estudos apontam que existem uma variedade (não tão rara) de ser humano que adora receber elogios (inclusive, ficam ressaltando suas qualidades para serem elogiadas), mas não elogia ninguém. Todo mundo já conheceu pelo menos uma pessoa assim. Minha dica de hoje é que você deixe de lado essa gente que só quer ser bajulada – até porque elogio é bem diferente de bajulação.

Depois de passar anos ouvindo que meu repertório cultural era muito fraco, que meu sotaque era horrível, que minha comida era ruim, que eu me vestia mal, que meu pé era feio e que maquiagem não me deixava mais bonita (isso só para citar algumas das depreciações com as quais – PASMEM! – me acostumei), eu passei a acreditar em muitas dessas coisas e pensar que, de fato, eu não era boa o suficiente para aquela pessoa “sensacional” (cof-cof!) que estava me presenteando com o privilégio da sua companhia.

O fato é que a gente tem muito mais facilidade em crer nas coisas ruins que nos dizem do que em aceitar os elogios que recebemos. 

Curiosamente, quem me ensinou a importância de eu aceitar os elogios que me eram dirigidos foi justamente a pessoa que pôs no mundo o ser humano que mais me depreciou nesta vida (em parte porque eu permiti, é verdade). Mas, para quem é criticado quase o tempo todo, aceitar elogios é um desafio imenso. É um exercício diário de não recusa mental, de reflexão sobre o que foi dito e de autoanálise (“Poxa, talvez isso faça sentido!”), de internalização e de agradecimento pelas coisas boas que nos são ditas. 

Se você ficar sem graça com um elogio que receber, apenas agradeça com sinceridade. Eu precisei que uma pessoa me ensinasse isso. Esse gesto, simples e milagroso, fez uma diferença brutal na minha autoestima e, consequentemente, na minha vida. Cuidado com as críticas destrutivas que recebe; muitas vezes, elas estão carregadas de intenções obscuras (é muito mais fácil dominar e manipular uma pessoa com baixa autoestima) e, se você acreditar que não é boa o bastante, a destruição do seu amor próprio é como deslizamento de terra morro abaixo (destrói tudo em um piscar de olhos), mas para reconstruir o que foi destruído, leva-se meses – às vezes, anos.

Por isso, é tão importante termos perto de nós pessoas que nos coloquem para cima, não o contrário. Podemos e devemos escolher com quem iremos ou não conviver.

Não aceite ficar em um relacionamento com uma pessoa que só enfatiza seus defeitos – se essa pessoa vê tantos problemas assim em você, é porque nem te ama mais (talvez goste apenas da ideia de te fazer de capacho ou de ser bajulada). Valorize os amigos que demonstram admiração por você; aproxime-se de colegas de trabalho que reconheçam a importância do que você faz; namore (ou case-se com) alguém que te elogie sempre, mais de uma vez por dia, mas que esteja contigo muito mais pela tua personalidade e teus ideais do que pelos seus atributos físicos.

Valorize cada palavra boa que receber e repita-as internamente para si mesmo, até que tudo isso passe a fazer sentido na sua vida. E não esqueça de agradecer e de retribuir, também, com elogios sinceros. 

Ser elogiado por quem amamos, sobretudo, é muito mais do que receber uma massagem no ego. Elogios são pequenas demonstrações de carinho e admiração pelo o que somos na nossa essência mais pura, até quando estamos em uma situação pouco glamourosa, como estar estar jogada no sofá numa tarde de sábado, com cara de preguiça, e ser surpreendida pelo companheiro com um elogio que ressalte nossa sua beleza natural – sem superprodução, sem maquiagem ou roupas caras. 

Receber elogios é bom demais! Quem discorda, está mentindo (ou está errado). Aceitar e internalizar esses elogios é essencial, mas aprender retribuir um elogio também é algo fundamental. 

Elogiem-se!

Sobre o autor

Patrícia Librenz

Mãe de dois gatos, um autista e outro que pensa que é cachorro. Casou com um veterinário, na esperança de um dia terem uns 837 animais. Gaúcha no sotaque, pero no mucho nos costumes. Radicada em Foz do Iguaçu desde 2008, já fez mais de 30 mudanças na vida. Revisora de textos compulsiva, apaixonada por dicionários. A louca do vermelho. A chata que não gosta de cerveja. A esquisita que não assiste a séries. Dona da gargalhada mais escandalosa do Sul do Mundo. Mestra em Literatura Comparada, é fã de Machado e Borges, mas ignorante de Clarice Lispector e intolerante a Paulo Coelho. Não necessariamente nessa ordem.

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