Tem dias em que a gente olha ao nosso redor e tudo parece demais: trabalho demais, afazeres demais, compromissos demais, responsabilidades demais; energia e disposição de menos.
Agenda lotada, telefone que não para de tocar, as contas que continuam chegando, a casa que demanda cuidados constantes (e nunca para limpa), nossos relacionamentos que carecem de manutenção, achar tempo para se exercitar… é coisa demais, e tempo de menos.
O ritmo acelerado em que vivemos, o excesso de cobranças, as altíssimas expectativas, o tempo escasso… todos esses elementos são a fórmula perfeita para a completa exaustão.
Eu já cheguei a um ponto em que não sabia mais nem por onde começar a tentar organizar a vida. O desejo era que uma solução mágica caísse do céu e que eu pudesse dormir e, no outro dia, acordar com tudo resolvido.
Mas, infelizmente, a vida não é assim, e quando você acorda os problemas ainda estão lá. Mesmo quando tudo parece demais, só cabe a nós aguentar. E resolver os perrengues do dia a dia pode ser uma tarefa bastante ingrata – e solitária.
O que eu decidi fazer, então, foi não mais tentar abraçar o mundo. Resolvi que eu tentaria resolver uma coisa de cada vez. Nunca procrastinando, mas também não mais estabelecendo metas impossíveis.
Step by step, oh baby.
diria a canção
Hoje eu limpo a casa. Amanhã eu levo o carro para lavar. Depois de amanhã eu levo o cachorro para tomar banho. E no dia seguinte, eu descanso, se assim eu quiser. Faço o supermercado quando dá; mas, aí, limpar os calçados vai ficar para outro dia.
Eu aceitei – e foi difícil, ainda sofro com isso, mas aceitei – que não é possível ser 100% em tudo o tempo todo. Que a nossa vida é toda departamentalizada e, em alguns momentos, algumas coisas têm de esperar, para que outras possam ser resolvidas. E é absurdamente difícil aceitar isso quando se é uma pessoa autocrítica e perfeccionista ao extremo. Mas é preciso. Mais que isso: é fundamental.
Infelizmente, ao contrário dos filmes, não podemos ser super-heróis ou heroínas e ainda assim manter um emprego só pra proteger nosso disfarce. Na vida real, tudo tem bem menos glamour e muito mais drama. Mas, mesmo sem capas ou uniformes cintilantes, nosso superpoder é conseguir equilibrar tudo, aceitando que somos mera e simplesmente humanos, e, quem sabe, sermos capazes de salvar a nós mesmos no fim do dia.