Fica complicado saber o que escrever quando as quatro paredes passam a ser um casulo. Tudo mudou seu significado. A segurança de casa, a bênção de ter um lar pela primeira vez parece aprisionar a sociedade. Tarefas simples, como ir ao mercado, se tornaram um verdadeiro desafio a tudo que temos de mais precioso.
Essa ressignificação do todo tem me mudado, e ainda nos dizem que isso é só o começo. Eu não sei até onde essa pandemia mudará a todos nós. Não tenho muitas certezas sobre como serão as coisas daqui a uma ou duas semanas. A saúde mental tem sido um desafio à parte. Procuro ajudar a quem posso e como posso, mesmo que nem sempre saiba como fazer isso direito comigo mesmo.
Noticiários não ajudam muito na contenção da ansiedade, o ânimo para adaptar outras atividades é nenhum, mas é preciso lutar. Como dizemos frequentemente no trabalho, “nós vamos sair do outro lado”, não tenho dúvidas. Minha reflexão aqui é sobre como sairemos. Quem seremos nós depois de tudo isso?
Confinados, parados por uma espécie de gripe em um ano que tantos pensavam a realidade com carros voadores. Enquanto a expectativa era essa, cuidamos do repetido aprendizado do básico, entendendo como lavar as mãos corretamente. Nossa parte precisa ser feita. Não podemos lavar as mãos sem que isso seja uma literalidade.
Tudo se ressignifica. O que ficará de nós?
Lavem as mãos. Ninguém descola o cotovelo do cotovelo de ninguém.
Quem diria que Pilatos estaria em alta? Lavemos as mãos.