Queria fugir do tema coronavírus, mas ele me obriga a ser citado, ainda que brevemente. A pandemia gerou, dentre as muitas necessidades de entretenimento virtuais, as polêmicas lives nas redes sociais. Há quem ame, há quem odeie. Eu não tenho opinião definida, mas eu amo o Alceu. E é por isso que estou aqui falando de covid e lives.
Alceu Valença é, faz alguns anos, o meu músico brasileiro favorito. Valencianas, o show com a Orquestra Ouro Preto, virou meu sonho de performance ao vivo. La Belle de Jour é minha canção nacional predileta. E, diante de tantos “shows em casa” super produzidos, com equipes numerosas, patrocínio de cerveja e pessoas furando o isolamento pra cantar a sofrência, Alceu foi aquilo que se espera de um artista foda: simples e sublime.
Sentado no sofá de casa, pedindo água e contando histórias – que se perdiam no meio do repertório, Alceu brilhou. Encheu nossos ouvidos e nossos corações de música na mais bela e pura forma, com uma voz e um violão, e muito talento. Nos emocionou, porque é isso que a poesia cantada faz com a gente. Deu lições, muitas. Nem preciso listá-las, quem viu o espetáculo valenciano vai refletir sobre as atitudes e palavras do artista por algum tempo, falo com tranquilidade.
Num mundo sem abraços, sem shows ao vivo, sem noção por parte de muita gente, Alceu enche os nossos corações com coisas boas, como a esperança. Se é pra se render às lives, que todas sigam o exemplo desse homem f*da. Na falta de homenagem à altura, fica aqui o singelo muito obrigada ao meu, ao nosso, ao de todo mundo, Alceu.