Hoje parei no posto de combustíveis próximo à minha casa para abastecer o carro, e o frentista sorriu para mim. Mas, após o milésimo de segundo inicial, eu pude prestar mais atenção e perceber que ele não estava sorrindo de verdade. Era uma máscara de pano que ele usava, com um sorriso estampado nela.
Saindo dali, fui ao supermercado. Lá, assim como o frentista, todos usavam máscaras. Algumas pessoas, mais discretas, usavam máscaras lisas. Outras ostentavam estampas coloridas e até espalhafatosas. Temas florais, petit pois, bichinhos, personagens de cartuns, tinha de todos os jeitos.
O rapaz que vende pano de prato no semáforo da esquina – de quem eu sempre prometo comprar mas nunca estou com dinheiro – também tem a sua.
O que está acontecendo?, questiono, quando percebo que meu próprio rosto também está coberto por um pedaço de pano xadrez, preso à minha cabeça por dois elásticos.
Pergunto-me se estou sonhando, ou se estou imersa num cenário de realidade virtual – ou, quem sabe, num cenário de filme?
Todos esses pensamentos percorrem minha mente através dos impulsos nervosos em milissegundos, enquanto procuro um trocado para dar à menina que vende rifas para pagar um implante ocular. A tristeza em seu semblante e o tecido puído que cobre seu pequeno rosto me puxam de volta à realidade.
E, subitamente, com a força de um soco no estômago, me dou conta de que, embora até haja um certo fashionismo envolvido, o que estamos vivendo está longe de ser um baile de máscaras. Está mais para o trailer de um filme de horror que eu não sei se quero ver o final.
Boa Bruno. Pura Real.dvigor