Rodrigo, eu já te escrevi antes, é verdade. O que eu não imaginava era que tanto tempo depois eu tivesse que, de novo, escrever falando de você. Não, eu não vou pedir que você pare, nem vou falar dos outros Hilberts que existem por aí.
Dessa vez, depois dos seus últimos origamis e do seu pudim de açaí, eu vim te pedir algo que desejamos faz tempo, e creio que, com o mínimo de esforço, você possa nos oferecer. Alguns esforços extras serão necessários, é verdade. Você terá que deixar a Fernanda e essa linda prole de lado durante algumas semanas, mas entenda meu plano e veja como você pode nos ajudar.
Faremos uma bibliografia com a ajuda de alguns cientistas, deixaremos um laboratório à sua disposição e todos os insumos que você considerar necessários ao seu alcance. Você vai poder escolher se tudo isso será televisionado ou não, mas estaremos todos contigo – as usual.
Quando julgar necessário, tome um tempo pra si, sem problemas. Imagino que a gente possa colocar essa infraestrutura toda em algum lugar que também te traga contato com a natureza. Creio que uma fazenda possa comportar suas necessidades e habilidades.
Rodrigo, o que acontece é que eu sei que tem muita gente boa tentando nos salvar nesse momento, mas acho que, se dermos os insumos necessários, talvez uns consultores técnicos e a liberdade necessária pra você trabalhar, o mundo possa ser melhor de novo. Eu sei, eu sei! Não vim aqui te pedir a pílula da paz mundial! Nem tô aqui pra pedir que você divida conosco, meros mortais, os segredos de sua mutação genética tão específica.
Meu apelo – melhor dizendo, nosso apelo – é só pra que você consiga, quem sabe, ceder um pouco do seu tempo para a solução de um grande problema e, quem sabe, ainda salvar as festas de final de ano.
Como bom ateu que sou, acredito na capacidade dos homens. E você sabe, fica difícil achar alguém melhor que você pra uma tarefa tão importante. Tenho certeza que irá rever sua linda família rápido e que o mundo será melhor depois que você descobrir logo essa bendita vacina.
Fica tranquilo, a gente arranja gente pra produzir em escala e não vai explanar as novas receitas de pão que você fizer neste período de cárcere científico, ok?
Conto contigo!