Amor é prosa

Ela sorriu.

Escrito por Breno Amaro

Quando você menos espera, um sorriso pode mudar tudo.

Ele sempre foi tímido, introvertido, na dele.

Quando criança, gostava de brincar sozinho, de ficar lendo seus quadrinhos ou de ficar jogando seus jogos eletrônicos, isolado do mundo.

Durante anos, isso foi apenas seu jeito. “Ele é quietinho”, diziam seus pais. “Ele é na dele”, diziam os professores. “Ele é estranho”, diziam seus colegas da escola.

Mas, com o passar dos anos, esse isolamento precisou ser quebrado. A vida cobra uma interação interpessoal. É a regra do jogo. Ele odiava essa regra.

E foi difícil, viu? Algumas amizades na faculdade, alguns colegas no trabalho e até algumas paqueras, quando era obrigado a sair de casa e socializar com os dois primeiros grupos ali.

Até que, um dia, ela apareceu. Ele não tinha planejado, ele nem queria sair de casa, ele havia sido forçado a ir ao aniversário de um amigo no bar depois do trabalho. Mas ela apareceu.

Ela era linda de um jeito que este escritor tem até medo de tentar descrever. Sabe a pessoa mais linda que você já viu na sua vida? Ela era assim, só que um pouco mais sorridente.

E que sorriso. Ele sempre foi fã de sorrisos, mas aquele sorriso era outra coisa. Era aquele sorriso que parece ter uma textura cítrica de felicidade azul, entende? Não entende? Tudo bem, nem ele entendeu na hora.

Ele precisava ir falar com ela. Mas como? Ele treinou a vida inteira pra ser isolado, pra não falar com ninguém, pra ser o “ele é quietinho, mas é gente boa” da galera.

E não é que ele não gostasse de falar com pessoas, mas, se possível, evitava a fadiga.

Mas ali o cenário era outro. Ele não podia deixar de falar com ela. Só precisava ser estratégico e objetivo. Isso! Criar um plano de como puxar assunto. Qual assunto? Algo pessoal? Pode ser.

Acho que ela está olhando pra mim…

Chegar perguntando o nome? Simples e funcional. Mas talvez meio clichê. “Mas eu preciso saber o nome dela. É o mínimo”.

Ela está olhando pra mim!

“E se perguntar primeiro o dia do nascimento dela e improvisar daí pra frente? Sei lá, puxar assunto de signo. Será que ela acredita em signo? Ou será que é geminiana que nem eu que não acredita nessas coisas?”

Meu deus! Ela está vindo na minha direção!

A dois passos dele, antes que ela pudesse pronunciar qualquer palavra vinda daquele lindo sorriso, ele se antecipou, ele tomou coragem, ele deu o “salto da fé”, ele falou:

Oi, que dia você se chama?

E ela sorriu.

Sobre o autor

Breno Amaro

Oi, eu sou o Breno. Carioca, redator, flamenguista, fã de surf, do Philadelphia Eagles e de Cavaleiros do Zodíaco. Faixa preta em Mortal Kombat e bi-campeão do World Series of Pavê 2015-16, comecei a escrever porque nunca aprendi a desenhar. Eu me fantasio de Ryu, de Ivan Drago e de Tigre no carnaval. Uma frase? “Trabalhe com o que ama e você nunca vai precisar trabalhar na vida, porque vai morrer de fome”. Escrevo sobre tudo o que passa na minha cabeça, sobre tudo que acontece na minha vida e, sobretudo, sobre nada. Meu cachorro se chama Bolinho.

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