* por Alexandre Palmar
Caboclo tem uma manhã e tarde terríveis. Estresse total no trabalho. Antes de ir pro lar, resolve ir na casa do chapéu resolver uma conversa inacabada que teve logo cedo. Nó desfeito, hora de ir pra casa. Eis que o carro esquenta na Estrada Velha de Guarapuava. Chove pra todo lado. É o banho que o Golzinho pedia há meses.
Motorista percebe que tem uma padaria no caminho; resolver estacionar, a toda, como quem não quer nada. Nisso, o fumacê da água fervendo faz os clientes do estabelecimento levantarem correndo, obviamente com temor de uma explosão do automóvel desgovernado.
Condutor entra, toma um refrigerante e come um salgado, com cara de paisagem. “Quando o motor esfriar, pico a mula”. Minutos passam e chega a hora de testar a generosidade do Sujinho. Liga o motor, mas nada. Bora lá pedir pra dona do balcão um balde com água pra encher o refrigerador do carrinho.
Balde entornado, sem funil, no recipiente indicado. O carro pega, mas anda só alguns metros. O Desgraçado para em frente ao Cemitério do Jardim São Paulo. Dessa vez nem faz fumacê porque a água nem chegou a parar (vazou tudo direto pro asfalto). É a hora de aceitar a derrota e chamar o guincho. Seguro acionado, Miserável já sobre a plataforma…, resta pedir uma carona pro cunhado. O João Malabares chega de prontidão para retribuir as tantas vezes que já foi socorrido. Entramos no possante do cunha, mas o carro (sim, a locomotiva do João), não pega. Bateria fritou. Novo fumacê. Um raio pode, sim, cair duas vezes na mesma avenida.
Enquanto os dois estão parados na Estrada Velha, o guincho começa a despontar no horizonte rumo ao centro levando o Almadiçoado do meu carro, que, não contente, dispara o alarme e pisca o farol e as sinaleiras. O ódio interior é forte, bem como a lembrança de uma cena clássica do cinema, aquele querido do Herbie 53 tirando um barato com seu dono. Nem precisa falar nada.
Eis uma dica de um proprietário de carro com alta quilometragem e fabricado há mais de 10 anos: jamais demonstre qualquer tipo de sentimento de pressa, fúria, stress e, princialmente, dependência ao seu veículo. O mesmo vale para impressoras, computadores e celulares.
iauhoahaiuhaoauaha… ah, carros. sempre nos proporcionando momentos de ódio extremo.
Eu ia dizer que, pior, só se estivesse debaixo de chuva, mas…