Murphy Days

Murphy Days – Check-in encerrado, o passageiro sumiu

Escrito por Bruno Zanette

Nunca havia perdido o horário de um voo. Mas, sempre pode ter uma primeira vez. Não recomendo.

Não sou um experiente viajante de avião. Embora a quantidade de voos que já fiz seja superior ao número de dedos de uma mão – não garanto ser de duas –, nunca voei para a Europa, ou até mesmo para países aqui da América do Sul, por exemplo. Mas tenho vontade de conhecer capitais como Buenos Aires, Santiago e Montevidéu.

Mesmo assim, conheço alguns dos principais aeroportos do Brasil, tais como Afonso Pena, Congonhas, Guarulhos, Salgado Filho, e Galeão. Os dois últimos, só estive neles uma vez. E tudo parecia tranquilo naquele novembro de 2018.

Resolvi me inscrever em um curso de narração esportiva para a TV, realizado no feriado da Proclamação da República, no dia 15 de novembro, em Curitiba. O curso seria realizado por dois narradores conhecidos dos canais Globo/SporTV, o Linhares Júnior e o Daniel Pereira. Como o feriado caiu numa quinta, eu teria recesso no trabalho na sexta. Com primos morando na capital do Paraná, não pensei duas vezes ao me inscrever e passar um final de semana agradável, voltando no domingo.

Fui de carro até o aeroporto de Foz, e o deixei no estacionamento. Não recomendo, pois as diárias são altíssimas. Só que, como eu não queria incomodar ninguém para que me levasse até o aeroporto, acabei fazendo isso.

O governador do Paraná até então era o Beto Richa. E um desacordo do Estado com as companhias aéreas em relação ao imposto dos combustíveis das aeronaves acabou tirando o voo direto entre Foz do Iguaçu e Curitiba. Pelo menos, era a explicação que se ouvia na época, para fazer a escala até São Paulo e depois, em outra aeronave, voltar para Curitiba. Uma rota pra lá de absurda. Na volta, era a mesma coisa. Saía de Curitiba para São Paulo, e da capital paulista direto para o Paraná, again.

Na ida, foi tudo tranquilo. Meus primos foram me buscar no Afonso Pena, jantamos, colocamos conversas em dia, e na quinta cedo, eles me levaram ao curso, que durou o dia todo. No final da tarde, novamente foram me buscar, passeamos por alguns atrativos, tais como o Jardim Botânico, fomos à sorveteria mais antiga de Curitiba, A Formiga. Reencontramos outros primos, comemos nachos, guacamole, e no sábado fizemos mais passeios: feiras, pastel de feiras – repare que lembro bem das comidas, algo típico de taurinos. É muito legal como Curitiba tem uma feira praticamente a cada esquina. Eram ótimos os tempos pré-pandemia.

Depois de vários passeios e um filme na noite de sábado para relaxar, veio o domingo de manhã, dia do retorno. Por algum motivo que não sei explicar, eu não consegui fazer o check-in pela internet, via celular. Decidi, então, fazer no aeroporto. Mas, isso deveria ser feito, pelo menos duas horas antes do embarque e não apenas uma. Desconsiderando essa informação, saímos de casa já um pouco atrasados, e eles moram a uma distância considerável do aeroporto. Ao chegar lá, fui direto procurar uma máquina da companhia aérea para fazer o check-in e confirmar a passagem. Meu chão quase sumiu, quando o funcionário disse que o procedimento para aquele voo já havia encerrado. Isso nunca me aconteceu antes, perder o horário de um voo. Mas, sempre tem uma primeira vez.

Para a minha sorte, meu primo não me deixou sozinho. Tentamos ver uma outra passagem, isso era quase 11h, meu voo acho que era 12h30, algo assim, não me lembro. O valor de uma nova passagem era absurdamente caro, algo que odeio com todas as minhas forças nessas companhias aéreas: os preços desproporcionais conforme dias e horários que você compra.

A saída foi voltar de ônibus, e o mais próximo disponível sairia às 18h, pois era final de feriado prolongado. Tive que passar o restante da tarde em Curitiba, sendo que, no máximo às 14h eu já estaria em casa. Para matar o tempo, a saída foi ir ao cinema.

Não acabou por aqui. Lembram que eu deixei meu carro estacionado no aeroporto de Foz? Pois bem, cheguei à rodoviária às 5h, para pegar um táxi até o aeroporto, pagar uma diária a mais pelo estacionamento (quase deixei um rim) para, enfim, chegar às 6h30 em casa, tomar um banho e ir trabalhar na segunda-feira, como se nada tivesse acontecido.

Pois é, minha última viagem de avião, ou o que deveria ter sido ela, foi inesquecível. Pena que pelo lado ruim.

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

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