Cantinho da Leitura Canto dos contos Murphy Days

Murphy no encontro (Parte II)

Escrito por Bruno Zanette

Após os perrengues pelos quais Felipe passou antes de sair, agora é a vez de saber como foi a preparação de Manuela para o encontro.

Antes de ler esse texto, você pode acompanhar a primeira parte dele aqui. A ideia de mostrar a versão da Manuela, na preparação do encontro com o Felipe, foi uma sugestão de leitora aqui do Crônicas de Categoria.

O ritual de preparação das mulheres para um encontro é dos mais árduos e cansativos, e nem sempre valorizado pelos homens. Vai desde o banho, que não se resume a xampu, sabonete e enxágue. É muito além disso. Tem o xampu específico para determinados cabelos, condicionadores, sabonetes líquidos com diferentes funções, esfoliação da pele. Após o banho, vem o modo correto de secar o cabelo, hidratantes e cremes pelo corpo, a escolha da roupa ideal, calçado combinando, maquiagem, escolha do perfume… ufa, tanta coisa para, em alguns casos, o mané do cara nem reparar direito ou fazer um elogio. Não deve ser fácil ser mulher.

Foi encarando um desses rituais de preparação para encontros que Manuela aceitou o convite de Felipe para sair. Apesar de ter carro e saber dirigir, a moça preferiu deixar o rapaz ser cavalheiro por um dia, aceitando a carona do moço, que passaria dentro de algumas horas para buscá-la em casa.

Ao terminar de ler a mensagem, Manuela segurou o celular com força em seu peito com as duas mãos, sorrindo de olhos fechados, pois era pura felicidade. Ao abrir os olhos lentamente para voltar à realidade, viu no espelho à sua frente, em seu quarto, o que rapidamente tirou o sorriso do rosto. Uma espinha enorme, que não contava estar aí na testa, um pouco acima do supercílio. Tantos dias para essa espinha aparecer, tinha que ser justo hoje? Ela tentou não se desesperar e pensou logo na alternativa: encher de maquiagem para ver se resolvia o problema.

Resolveu em partes, não fosse a base ser numa coloração um pouco mais escura que sua pele. “Tudo bem, vai estar de noite, não tem nada de mais. Se ele gosta de mim de verdade, nem vai ligar”, ela pensou. E não ligaria mesmo, homens geralmente não ligam para isso. Espremer a espinha estava fora de cogitação, além de não ser recomendável.

Manuela é daquelas mulheres que gostam de usar cílios postiços. Ao colocar os seus, percebeu estar com uma das pontas descolando, o que deixaria um aspecto estranho. Com paciência e insistência, colou essa pontinha com a primeira cola que encontrou.

Questão da maquiagem resolvida, roupa escolhida e, ao calçar o sapato – o escolhido era um sapato com com salto fino e um pouco mais alto -, o salto quebrou. Felizmente aconteceu ainda em casa e não na rua ou no restaurante. Ela pôde trocar, e escolheu algo mais baixo e que não doesse tanto a coluna na hora de andar.

Passados todos esses processos e perrengues, a carona chegou. A campainha tocou, Manuela observou pelo olho mágico da porta e era Felipe. Os dois se cumprimentaram com formalidades, beijo no rosto, “como você está?”, etc. E partiram para a noite que teria tudo para ser especial, após tantas dificuldades.

Será que vai ser mesmo?

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

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