talvez calar seja aumentar o volume do silêncio no máximo
amplificar quietudes que nunca soubemos perceber
pelo escândalo de um cotidiano que vive com as veias do pescoço saltadas fazendo o sangue acumular no lugar errado
se fosse possível dar um nó nessas cordas vocais
agradecer pela ausência proposital do som
uma chacina de palavras gratuitas que escorrem da boca sem propósito
ruídos disfarçados de verbos mal conjugados
opiniões não requisitadas que desejam ser argumentos
quando não passam de movimentações inúteis de partículas de ar
a boca fechada abre mentes inteiras
ensina a pele a se arrepiar com outros sentidos
dá aos olhares discursos completos
variações interessantes que vão além de um maxilar subindo e descendo
da próxima vez que escolher falar
lembre-se que a língua tem utilidades mais interessantes