Precisamos falar sobre futebol feminino.
Precisamos falar sobre Marta, eleita por 6 vezes a melhor jogadora do mundo. Com 17 gols, também é a maior artilheira em Copas do Mundo. Precisamos falar sobre Marta, que ainda assim, não recebe patrocínio sequer similar ao dos futebolistas homens.
Precisamos falar sobre Formiga e seu recorde mundial de participação em Copas do Mundo. Precisamos falar da mulher negra e nordestina que lutou contra o preconceito e o racismo, defendeu a seleção brasileira em sua sétima copa, e aos 41 anos é um fenômeno em campo.
Precisamos falar sobre Cristiane, a atacante que já esteve duas vezes entre as melhores jogadoras de futebol do mundo e que, com a marca de 14 gols em Olimpíadas, é a maior artilheira da competição, independente de gênero. Precisamos falar dessa atleta incrível que compartilhou com o mundo que também já teve depressão.
Precisamos falar sobre Ludmila, a jogadora que passou seus primeiros anos num orfanato, foi criada pela tia com mais dois irmãos e sete primos. Ludmila, que perdeu a melhor amiga e a irmã para as drogas, mas que aprendeu a tomar as decisões certas, mesmo diante de tantas chances de dar errado, e escolheu o futebol.
Precisamos falar sobre Tamires, a jogadora que já deixou o futebol de lado por duas vezes, pela maternidade e pelo marido – que hoje cuida do filho do casal, em apoio à carreira da atleta.
Precisamos falar sobre Alex Morgan, a futebolista norte-americana que, junto com as companheiras de profissão, foi à justiça contra a federação de futebol dos EUA por discriminação salarial. Que se declarou contra Trump, e já adiantou que se recusa a ir à Casa Branca caso sua seleção seja campeã mundial.
Precisamos falar também sobre Ada Hegerberg, a norueguesa que foi campeã da Champions League por duas vezes, e a primeira mulher a ganhar o Ballon D’Or. Precisamos falar sobre Ada, que abriu mão de ir à Copa na França para protestar contra a desigualdade de gêneros no futebol.
Precisamos falar sobre essas e tantas outras atletas que fazem história, que superam obstáculos, e seguem transformando o esporte e o mundo. Precisamos falar sobre as mulheres no futebol que, por mais que se destaquem em suas equipes, não têm as mesmas condições que a modalidade masculina – nem em visibilidade e reconhecimento, e infinitamente menos ainda em salários.
Precisamos falar sobre futebol feminino, não só em época de Copa do Mundo. Precisamos falar dele em todo lugar, nas redes sociais, em família, entre amigos, em qualquer mídia. Precisamos aproveitar a oportunidade para conhecer mais sobre essas mulheres, que com seus destaques pessoais estão dando voz a causas importantes.
Precisamos falar sobre futebol feminino para mostrar que é mais do que só futebol. Porque, só falando – e muito, e sempre – é que teremos chances de lutar pela igualdade. Dentro e fora do esporte.
Créditos da imagem: Go Equal