Houve um tempo em que ela acordava ouvindo os ponteiros do relógio se arrastando. Cada tique dos segundos lhe despertavam preguiçosamente, antes que a ousadia dos raios de sol viessem beijar seu rosto maquiado da noite anterior.
Houve também um tempo em que seus olhos abriam com uma respiração no travesseiro ao lado. Uma companhia transitiva que sequer sabia seu sobrenome, mas conhecia o suficiente pra ficar até as primeiras horas da manhã.
Houve um tempo em que tanto o sono quanto a pessoa decidiram ir embora, e ela ficou apenas com as memórias dos dias em que sua única preocupação matinal era levar os restos do café na cama para a cozinha.
Hoje, ela acorda com pequenos passos pelo corredor.
E isso a fez acordar pra vida pra sempre.